São Paulo é a capital com maior queda no PIB dos municípios em estudo feito pelo IBGE

Capital paulista perdeu 0,6% em participação, seguida por Rio de Janeiro, Distrito Federal, Belo Horizonte e Porto Alegre

São Paulo é a capital com maior queda no PIB dos municípios em estudo feito pelo IBGE

A capital paulista recuou em 0,6% a sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil entre 2020 e 2021 e lidera o ranking das cinco quedas mais intensas nesse critério no estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta sexta-feira, 15. Atrás de São Paulo, estão Rio de Janeiro, com queda de 0,4%, Brasília (DF) com – 0,3% e empatadas na quarta posição, Belo Horizonte e Porto Alegre, com recuo de 0,1%.

O levantamento do PIB dos municípios brasileiros confirma a tendência de desconcentração nas maiores cidades brasileiras, mostrando que as capitais perdem um pouco de espaço enquanto novos municípios passam a integrar a lista das cidades com maiores ganhos e participação na economia.

A análise da série histórica, de 2002 a 2021, mostra que a redução de participação no PIB de São Paulo e Rio de Janeiro ocorre há quase duas décadas. Nesse período, a capital paulista perdeu 3,5% de sua participação na economia nacional, influenciada pela redução relativa de atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados.

Na capital fluminense, a perda de 2,3% ocorreu em razão da diminuição de seu peso nos serviços, sobretudo em atividades imobiliárias e informação e comunicação.

Cidade-Região de São Paulo

A Cidade-Região de São Paulo apresentou perda de participação no total do PIB nacional, saindo de 23,5% do PIB do Brasil, em 2020, para 22,6%, em 2021, o que representou uma queda de 0,9%. No sentido oposto, a Amazônia Legal aumentou sua participação de 9,9% para 10,1%, uma expansão de 0,2%. O semiárido, por sua vez, viu sua participação ser reduzida de 6,4%, em 2020, para 6,2% em 2021.

“A Cidade-Região de São Paulo vem perdendo participação ao longo da série histórica e reforçou essa tendência em 2021. No caso da Amazônia Legal, o crescimento da Agropecuária foi um fator importante. Já o semiárido, que desde 2013 ganhava participação, desta vez, perdeu. A queda da participação de serviços no PIB nacional afetou os municípios que têm essa atividade como a mais relevante, caso da maior parte do Semiárido”, observa Marcelo Araújo, geógrafo do IBGE.

Maiores participações

Na lista dos 25 municípios com maior participação no PIB, as novidades foram as entradas de Maricá (RJ) e Itajaí, em Santa Catarina, as saídas de Sorocaba, interior paulista, e Uberlândia, em Minas Gerais.

Entre 2020 e 2021, os cinco municípios com os maiores ganhos de PIB do Brasil foram: Maricá, Saquarema e Niterói, todas no Rio de Janeiro, com crescimento de 0,5%, 0,3% e 0,2% respectivamente. Em quarto lugar, empataram com 0,1% São Sebastião, no litoral paulista, e Campos dos Goytacazes, também no Rio.

“O bom desempenho de Maricá  se deve à extração de petróleo e gás. Já os cinco municípios que diminuíram sua participação foram influenciados pelos serviços, sobretudo pelas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados em São Paulo e Porto Alegre, administração pública em Brasília e Belo Horizonte, e atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços relacionados no Rio de Janeiro”, destaca Luiz Antonio de Sá, analista de Contas Regionais do IBGE.

Em 2021, 11 municípios responderam por quase 25% do PIB nacional e 16,6% da população brasileira: São Paulo (9,2%); Rio de Janeiro (4,0%); Brasília (3,2%); Belo Horizonte (MG), 1,2%; Manaus (AM), 1,1%; Curitiba (PR), 1,1%; Osasco (SP), 1,0%; Maricá (RJ), 1,0%; Porto Alegre (RS), 0,9%; Guarulhos (SP), 0,9% e Fortaleza (CE), 0,8%. Há dois anos, as 87 cidades com os maiores PIBs representavam, aproximadamente, 50% do PIB total e 36,7% da população do país. Em 2002, apenas quatro municípios somados representavam cerca de um quarto da economia nacional.

Desconcentração econômica

A tendência histórica de redução relativa da importância econômica dos grandes centros urbanos continuou em 2021. As duas maiores concentrações urbanas do Brasil somaram 23,2% de participação no PIB, após totalizarem 23,6% em 2020. São Paulo, SP, passou a responder por 15,4% do PIB brasileiro, contra 16,2% em 2020. Tal resultado foi o recuo mais expressivo dentre todas as concentrações urbanas. O Rio de Janeiro, RJ, porém, aumentou sua participação, passando de 7,4% para 7,8% do PIB brasileiro em 2021. Esse foi o maior avanço verificado dentre as concentrações urbanas que expandiram sua participação no PIB de 2020 para 2021.

Dentre as 185 concentrações urbanas existentes no país em 2021, 132 perderam e 53 aumentaram sua participação no PIB nacional, confirmando a tendência de desconcentração. As grandes concentrações urbanas foram as que tiveram as maiores perdas. Entre as 53 que ganharam peso, somente 6 eram consideradas grandes concentrações urbanas, de um total de 26. Dentre as médias concentrações urbanas, o resultado também foi de redução, porém menos acentuada. Somente 47 médias concentrações urbanas ganharam participação em 2021 de um total de 159.

Centro-Sul tem PIB per capita superior à média brasileira

Em 2021, os três municípios do país com os maiores PIB per capita foram Catas Altas, em Minas, com R$ 920.833,97, Canaã dos Carajás, no Pará, com R$ 894.806,28, e São Gonçalo do Rio Abaixo, também no estado mineiro, com R$ 684.168,71. Os três municípios têm nas indústrias extrativas a sua principal atividade econômica.

Três municípios maranhenses tinham os menores PIB per capita em 2021: Santana do Maranhão, com R$5.407,66, Primeira Cruz, com R$ 5.732,25 e Matões do Norte com R$ 5.737,04. Nos três municípios, a atividade econômica predominante era a administração pública.

Os maiores valores do PIB per capita, em 2021, pertencem aos grandes centros urbanos do Centro-Sul e a algumas regiões em que ocorre a combinação de atividade agropecuária significativa e pequena população, como a borda sul da Amazônia Legal, na região central de Mato Grosso e, ainda, municípios do sul de Goiás e leste de Mato Grosso do Sul, no oeste baiano e no alto curso do Rio Parnaíba.

Nas grandes concentrações urbanas, a maior razão do PIB per capita foi registrada em Campinas, interior paulista, seguida por de Brasília (DF), São Paulo, capital, Sorocaba e São José dos Campos, ambas no estado de São Paulo.

Tal cenário é semelhante ao verificado em 2002, ainda que se observe uma alteração na ordem das grandes concentrações urbanas no ranking, além da saída de Curitiba, capital do Paraná, para a inclusão na lista de Sorocaba. Ao longo da série histórica, as maiores razões do PIB per capita tiveram redução relativa, convergindo para a média nacional.

Em 2002, 13 grandes concentrações urbanas apresentavam PIB per capita maior que a média nacional. À exceção de Brasília e Manaus, as demais se encontravam nas regiões Sudeste e Sul. Já em 2021 o número de grandes concentrações urbanas com razão acima de 1,0 foi de 14, com a inclusão de Cuiabá.

Algumas das grandes concentrações urbanas do nordeste e uma do norte, que já possuíam razão do PIB per capita inferior a 1,0 em 2002, distanciaram-se da média nacional ao longo do período, com destaque para Aracaju, capital de Sergipe, Natal, no Rio Grande no Norte, e Salvador, capital do estado baiano.

A redução da desigualdade regional do PIB per capita em 2021 pode ser vista também nas regiões do semiárido, da Amazônia Legal e da cidade-região de São Paulo. Em 2002, a razão do PIB per capita do semiárido e da Amazônia Legal eram, respectivamente, 0,33 e 0,58. Em 2020, o semiárido apresentava razão do PIB per capita de 0,43 e a Amazônia Legal, de 0,75.

Em 2021, por sua vez, essas regiões apresentaram índices de 0,41 e 0,76, respectivamente. A razão do PIB per capita seguiu avançando na Amazônia Legal, mas oscilou para baixo em 2021 no semiárido. A cidade-região de São Paulo, por outro lado, correspondia a 1,85 do valor nacional em 2002, 1,61 em 2020 e 1,55 em 2021.

O cálculo do PIB per capita dos municípios utiliza as estimativas de população residente em 1º de julho de 2021, enviada pelo IBGE ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Imagem: Shutterstock

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