Vanessa Sandrini: “É para o executivo que está aqui sentar e pensar nessa questão”

A diretora de varejo do JHSF/Fasano questionou o público presente sobre a falta de mulheres em cargos de liderança no varejo

mulheres no varejo

A presença de mulheres em cargos de liderança no varejo ainda é pequena. De acordo com dados da FGV Direito, a maioria dos estudantes nas faculdades brasileiras são de mulheres, mas apenas 2% de mulheres ocupam cargos de presidência entre as 250 maiores empresas do Brasil. Os dados escancaram uma realidade de séculos de desigualdade e opressão que refletem até hoje as diferenças no tratamento e nas oportunidades. Apesar dessa questão estar latente na sociedade nesses últimos anos, ainda existe um longo caminho para mudança.

O debate sobre a presença das mulheres no setor de varejo ocorreu no terceiro e último dia do Latam Retail Show 2022, que aconteceu entre os dias 13 e 15 no Expo Center Norte, em São Paulo. A Mercado&Consumo foi parceira de mídia e fez uma cobertura especial em tempo real do evento, a partir de um estúdio montado na área de exposições.

Sandra Takata, presidente do Instituto Mulheres no Varejo, explica que os tempos são diferentes e hoje vemos mais mulheres em posições de liderança, mas que isso ainda é muito pouco. “Atualmente 13% dos cargos de CEO no mundo são ocupados por mulheres e 1% por mulheres negras”, destacou.

A presidente do instituo também citou a questão da gravidez, que muitas vezes é tratada com preconceito e como um impeditivo na cultura das empresas. “Tem vários papéis que temos que começar a mudar mindsets”, complementou.

Segundo Vanessa Sandrini, diretora de varejo da JHSF/Fasano, os dados estão ali apenas para chamar a atenção para a pauta, o que está faltando são ações de conselheiros que são, na maioria, homens. A executiva também explicou que o ideal seria que pessoas pudessem chegar a esses postos de liderança sendo quem são e não tendo que se enquadrar em características e comportamentos.

Ela ainda citou como, historicamente, mulheres precisavam se masculinizar para serem aceitas nessas posições. “A organização precisa entender que é impossível prosperar deixando metade das pessoas para trás”, comentou.

A situação atual

“A gente percebe que realmente temos muito trabalho pela frente”, disse Sandra ao ser questionada sobre como está na prática a atuação das companhias. A presidente ainda destacou que existem coisas básicas que podem ser feitas pelas empresas, mas que não estão sendo vistas.

De acordo com Karol, diretora de marketing da Royal Supermercados e influenciadora, a reputação da empresa, ainda mais em um momento que as redes sociais estão tão integradas e presentes, é um ponto que impacta diretamente nas decisões. “A reputação é muito importante, mas será que, na prática, ela realmente funciona. Ainda tem que evoluir muito, sair do outdoor e ir para execução” completou.

Na mesma linha, Vanessa também abordou a questão da reputação ao explicar o porquê de muitas empresas iniciarem projetos voltados para diversidade e inclusão. “Hoje existe uma preocupação geral de como blindar minha empresa de comentários”, explica.

A diretora ainda fez questão de reforçar ser um momento desafiador, mas também ideal para provocar mudanças. Para ela, a diversidade é uma das formas das empresas inovarem e ampliarem os olhares sobre diversas questões. “Mais do que ver mulheres, eu queria ver a diversidade acontecer, por uma questão de ser melhor para mim, para vocês e para sociedade”, finalizou Vanessa.

Imagem: Marcelo Audinino

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