O cheiro do pão quentinho pela manhã continua irresistível, mas será que ele ainda é suficiente para manter as padarias no centro do foodservice brasileiro? Com mais de 93 mil padarias ativas no país, o setor é um dos mais tradicionais, mas também um dos que mais sente as mudanças no comportamento do consumidor. Nos últimos anos, o tráfego nesses estabelecimentos caiu, enquanto o ticket médio subiu, um movimento que pode indicar uma migração de consumo para dentro do lar ou para outros canais de alimentação.
O café da manhã segue sendo um momento forte para as padarias, mas os desafios aparecem ao longo do dia. O consumidor quer conveniência e novas experiências, e isso significa que há um enorme espaço para crescer em outras ocasiões, como o almoço e o jantar. No entanto, essa adaptação exige planejamento e uma estratégia eficiente para evitar desperdícios – um dos principais gargalos do setor. Afinal, uma produção sem previsibilidade gera perdas financeiras e operacionais.
Outro ponto de atenção está na concorrência. Redes de supermercados e lojas de conveniência ampliaram suas ofertas de panificação, e lojas de conveniência quase atingiram o tráfego pré-pandemia, ao contrário das padarias, que registraram queda de 11% no último ano. Esse dado não pode ser ignorado: a praticidade tem se tornado um fator decisivo na escolha do consumidor, e o setor precisa responder a essa demanda.
O futuro das padarias passa pela digitalização, pela diversificação de produtos e pela criação de experiências que fidelizem o cliente. Seja com opções diferenciadas, maior eficiência na operação ou integração com o mundo digital, o setor tem oportunidades de crescimento. O consumidor mudou – e as padarias precisam mudar junto com ele.
Danielle Garry é presidente do IFB Brasil.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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