Poucos bancos dos Estados Unidos se protegeram contra o aumento das taxas de juros durante a campanha de aperto monetário do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) no ano passado, de acordo com um estudo que diz que os títulos sem cobertura estão mais disseminados que os investidores imaginam.
O artigo “Hedge limitado e apostas em ressurreição pelos bancos dos EUA durante o aperto monetário de 2022?”, afirma que centenas de bancos compartilham desse risco, que desempenhou um papel importante no colapso do Silicon Valley Bank (SVB) no mês passado. O texto não listou instituições individuais, apenas apresentou uma análise de dados agregados.
Em todo o setor bancário, apenas cerca de 6% dos ativos bancários estavam protegidos por swaps de taxas de juros, diz o estudo.
Mesmo com as taxas continuando a subir ao longo de 2022, cerca de um quarto dos bancos de capital aberto reduziram seu hedge de proteção no ano passado, de acordo com os autores.
O SVB, por exemplo, havia coberto cerca de 12% de sua carteira de títulos no final de 2021, mas apenas 0,4% no final de 2022. Os professores descreveram isso como uma aposta.
Os autores do estudo são os professores Erica Jiang, da Marshall School of Business da University of Southern California, Gregor Matvos, da Kellogg School of Management da Northwestern University, Tomasz Piskorski, da Columbia Business School, e Amit Seru, da Stanford Graduate School of Business.
Força dos bancos médios
Epicentro da turbulência bancária das últimas semanas, bancos regionais e de médio porte nos Estados Unidos passaram a ter a saúde financeira questionada após dois deles fecharem as portas no país em questão de dias.
Diferentemente do Brasil, onde as instituições financeiras menores são mais de nicho e costumam ter atuação limitada a pequenas e médias empresas, nos EUA esse segmento dá suporte aos pequenos negócios, garante a maior parte do dinheiro para a compra da casa própria e tem em mãos metade dos depósitos dos americanos, dividindo o palco com pesos-pesados de Wall Street como JPMorgan Chase e Citigroup.
Embora sejam chamados de “pequenos”, esses bancos têm escala nacional e, por isso, há preocupação com um efeito dominó no setor e seus impactos para a maior economia do mundo. Nos EUA, esses bancos detêm metade dos depósitos, boa parte não segurada, e presença marcante no crédito, respondendo até por mais de 50% em algumas modalidades de empréstimos. Como comparação, no Brasil os oito maiores conglomerados financeiros têm 80% dos ativos e a maioria dos correntistas pessoas físicas.
Com informações de Estadão Conteúdo (Dow Jones Newswires).
Imagem: Shutterstock