O Estúdio Jacarandá, um dos principais escritórios de arquitetura e design de varejo do Brasil, vai abrir uma filial em Miami, nos EUA, no segundo semestre deste ano. Além desse espaço, os planos de aterrissagem no mercado norte-americano incluem a montagem de um showroom em Orlando, também no Estado na Flórida, no começo de 2026.
A empresa, fundada há 12 anos em São Paulo, é reconhecida por seus projetos conceituais, de rollout (reprodução de conceitos em vários pontos), visual merchandising, tropicalização e corporativos. Desenvolveu, entre outros, o conceito do Empório Figueira Rubayat, da nova flagship da TIM na Rua Oscar Freire e da Shop IA Cacau Show Lab – que foi apresentada no Latam Retail Show, maior evento B2B de varejo da América Latina, em 2024.
A empresa já exporta seus serviços para países da Europa e da América do Sul, além da Austrália. Essa, no entanto, será sua primeira base física fora do Brasil. Daniel Melloni Garcia, sócio do Estúdio Jacarandá, diz que alguns fatores foram determinantes para a escolha da Flórida. “O PIB da Flórida representa cerca de 70% de todo o PIB brasileiro, então o potencial econômico é enorme. Além disso, o varejo do Estado também é muito forte e está se desenvolvendo de forma mais intensa – e, claro, existe uma colônia de brasileiros bastante grande na região.”
Para Garcia, a presença física oferecerá mais segurança aos clientes, além de permitir uma escala maior de absorção de serviços. “A nossa vontade é, de fato, ter atuação global. E a gente imagina que esse movimento deve começar pelos Estados Unidos, onde está o varejo mais forte no mundo.”
Desafios e oportunidades
Montar uma base do Estúdio Jacarandá nos EUA vai significar, também, adaptar processos produtivos. “No Brasil a gente ainda faz muitos projetos personalizados, com serralheiro, marceneiro. Nos Estados Unidos, isso seria inviável financeiramente e a gente, que trabalha com varejo, precisa pensar nisso. Os americanos adotam muito o estilo ‘faça você mesmo’, então pensamos num design e numa arquitetura muito mais ‘vestível’, no qual você compra um móvel já pronto, e ‘veste’ com uma cara diferente, para ter personalidade”, conta Luciana Carvalho, sócia-proprietária do Estúdio Jacarandá.
Luciana acredita que o conceito de loja tutorial, em que os produtos são posicionados e apresentados de forma autoexplicativa, se adequa bem ao público norte-americano. “Eles querem chegar na loja, entender o produto e resolver um problema. Essa é uma tendência não só nos EUA, mas também em outros países.”
Da mesma forma, criar projetos que permitam que o consumidor final viva uma boa experiência na jornada de compra é fundamental. “Oferecer a experiência de compra é um movimento global no varejo. E a arquitetura influencia nessa experiência de muitas formas. Quando falamos de design e arquitetura de loja, estamos falando de uma ciência. A gente pensa em toda a jornada do consumidor: por onde ele entra e o que ele vai ver, como que ele vai acessar os produtos, o que estará em destaque, como estimular a compra. Uma tecnologia, por exemplo, nunca será colocada sem propósito na loja. Ela sempre vai ajudar a vender produto. Isso tudo é a arquitetura e o design que definem. A gente consegue valorizar o produto, valorizar a jornada, valorizar a experiência.”
NRA Show 2025
A abertura do escritório em Miami ocorre perto da realização da NRA Show 2025, a maior feira de foodservice das Américas, em Chicago. Até por isso, o Estúdio Jacarandá montou pela primeira vez um estande no evento. “Sob o ponto de vista do negócio, para nós a NRA Show 2025 é um laboratório. Vamos sentir o mercado americano, o clima, como as coisas funcionam nos EUA. Alimentação é um setor em que atuamos bastante”, diz Garcia.
Ainda assim, Luciana acredita que o público principal do Estúdio nos EUA, pelo menos no começo, será mesmo o brasileiro. “A gente percebe que muitos varejistas da Flórida têm carência do tipo de atendimento e de serviço brasileiros.”
Projetos internacionais do Estúdio Jacarandá

Imagem: Divulgação