Momentum – Hora de pensar grande e fora da caixa, Brasil

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As notícias se sucedem e criam cenários que se multiplicam e são cada vez mais diversos. Tal qual um caleidoscópio onde a cada pequeno movimento temos uma composição de formas e cores. Nesse contexto apenas a certeza de que a mudança é única constante, como já pregava Heráclito de Éfeso.

Das poucas certezas que o cenário atual oferece, uma delas é que a teremos um processo lento e cauteloso de retomada da economia e do consumo e que não teremos, num horizonte de pelo menos uma década, nada parecido com o que vivemos no Brasil no período de 2004 a 2013. Não existem as condições estruturais necessárias para isso tanto interna como externamente.

Não existe mais bonus demográfico nem possibilidades de alavancagem significativa do consumo pelo aumento da massa salarial e o crédito no curto e médio prazo. Isso significa que crescimento de negócios e aumento de participação de mercado terão que ser feitos baseados na inovação e na busca de maior eficiência, produtividade e desempenho dos próprios negócios, crescendo mais que os concorrentes.

O mercado brasileiro não crescerá por si só e de forma significativa para permitir que todos cresçam muito e ao mesmo tempo como tivemos no passado.

Isso caracteriza o novo ciclo que estaremos vivendo à medida que nos afastamos da pior recessão econômica que já tivemos em nossa história.

Estamos lenta e gradativamente descolando a economia da vida política e partidária e isso parece ser outra componente importante deste novo ciclo que poderá ter nas próximas eleições, provavelmente em 2018, sua mais efetiva comprovação com uma profunda e radical substituição de políticos alinhados com o passado que precisamos enterrar.

Mas outro elemento importante desse novo ciclo deveria ser um olhar mais atento e ambicioso para os mercados internacionais, especialmente para as marcas, produtos e o próprio varejo brasileiro.

Fachada de loja da The Body Shop em Paris.
Fachada de loja da The Body Shop em Paris.

Como acaba de fazer a Natura com a aquisição da The Body Shop globalmente. Num só movimento a empresa incorpora uma rede global de mais de 3000 lojas presente em 66 países, uma marca reconhecida no mundo e também integra o know how de varejo e franquias que será cada vez mais importantes como a obrigatória visão omnicanal de sua atuação.

Junto com Aesop, anteriormente adquirida e mais sua expansão de lojas próprias em andamento no Brasil, a empresa faz um movimento estratégico memorável.

Interior de loja da marca australiana Aesop

Sem minimizar em nada os desafios que existirão para integrar tudo isso em seu movimento de ampliação de canais e mercados, especialmente no varejo de lojas e o digital, é um movimento ousado e ambicioso em escala global. E que precisa ser reconhecido e reverenciado, tanto quanto foram os movimentos de Ambev quando começou seu processo de internacionalização e globalização que a levaram à liderança do mercado mundial de cervejas.

Síndrome de vira-lata

Bom momento para repensar a síndrome de vira-lata que assola muitas empresas e empresários brasileiros que se sentem limitados para assumir uma postura mais agressiva para pensar o mundo como seu mercado potencial.

Mas existem muitos exemplos interessantes de empresas que pensam de forma mais ambiciosa, medindo o tempo em décadas, plantando para o longo prazo e olhando o momento como um cenário onde deveria ser combinada a atenção local com o aprendizado da atuação internacional.

Particularmente no varejo, de forma ampla, Renner, Hering, Boticário, Havaianas-Alpargatas, Ofner, Casa do Pão de Queijo, Grupo Trigo (Spoleto), Giraffas, Chilli Beans e muitas outras, em operações próprias ou franqueadas, estão aprendendo, a duras penas, como é inevitável, como podem ser competitivas para além do Brasil.

De novo.  Sem minimizar nada, nem subestimar os desafios de um processo de internacionalização, temos neste novo ciclo que estamos vivendo no Brasil um cenário oportuno para esse repensar estratégico.

A combinação de um menor crescimento interno no Brasil por um período bastante longo com inevitável acirramento competitivo e pressão sobre a rentabilidade, com as possibilidades em alguns mercados externos, maiores ou menores, com oportunidades de expansão e crescimento, cria o ambiente propício para esse repensar. 

No início desse novo ciclo que estamos agora vivendo é mais do que oportuno que, estrategicamente, seja olhado o cenário internacional como um caminho alternativo para incorporar know how, mercados e competências para que as empresas vivam uma real transformação estrutural tendo o Mundo como oportunidade.

Até porque nenhum mercado oferece qualquer proteção para quem quer que seja. Se quisermos ser competitivos de fato e no longo prazo, vamos abrir os olhos e sair da caixa Brasil.  

 

NOTA. No Latam Retail Show, que acontece de 29 a 31 de Agosto, no Expo Center Norte em São Paulo, especial atenção será dedicada aos temas que envolvem um projeto exportador de varejo para o Brasil pela dimensão da sua transformação estratégica e representatividade econômica, com palestras, debates e cases para atualização das empresas e dos profissionais e executivos que atuam na área.

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