O mercado de alimentação fora do lar vive um momento histórico em termos de acesso a tecnologias. São equipamentos de produção cada vez mais sofisticados em performance, robôs, soluções de autoatendimento com personalização, mapeamento de pedidos de delivery, acompanhamento da rota de entrega de distribuidores e muito mais.
Recentemente, vimos muito disso em feiras internacionais, como a NRA Show 2023, em Chicago, mas também nas feiras nacionais, como a Fispal Foodservice, a Bio Brazil Fair e a Natural Tech. Aliás, cabe ressaltar que impressiona a qualidade dos expositores, produtos e lançamentos nas feiras nacionais.
Há cerca de 20 anos, oferecer serviços ou produtos de alta tecnologia para empresários e gestores do foodservice representava uma grande barreira. A crença do “eu consigo fazer em casa”, “não tenho certeza de que esse resultado irá acontecer”, “eu prefiro fazer artesanal” dominava os discursos. E isso marginalizou nosso mercado do radar das grandes empresas de tecnologia e as melhores práticas de mercados mais avançados.
As indústrias de alimentos se esforçaram e continuam fazendo um modus operandi que combina relacionamento e tecnologia. Empresas de equipamentos faziam mais do que uma venda consultiva, se encarregavam de assumir temporariamente a produção dos clientes para adaptar fichas técnicas, modo de preparo e fazer acontecer. E, às vezes, quando iam embora, os funcionários passavam a subutilizar o equipamento, trabalhando com suas funções mais básicas. Mas isso tem se tornado cada vez mais passado.
Chefs ícones davam sua contribuição pró-tecnologia de produção, ilustrando como implementavam esses equipamentos em suas cozinhas, mas eram contra o delivery, por exemplo. Donos de negócios independentes alegavam não usar sistema de gestão integrando frente de caixa e back office porque tinham tudo ali “na ponta do lápis e em suas cabeças”. Teria sido isso em outro século? Não. Foi logo ali, há cinco anos.
Talvez eu seja repetitiva, mas a pandemia mudou a mentalidade do foodservice brasileiro. Gerações mais jovens que se aproximavam dos negócios de família se dedicaram ao movimento de mudança. Entrantes entenderam que se propagassem o mesmo modelo, não teriam sucesso. Os lucros passaram a ser divididos com players de delivery. Os chefs lançaram empórios e plataformas digitais, além de marcas secundárias mais acessíveis e aderentes ao delivery.
Cada empresa buscou um caminho para sua jornada e nem tudo está pronto, maduro e bem estruturado. Na Gouvêa Foodservice, recomendamos um diagnóstico aprofundado para identificar as dores e estruturar um plano para vencer as batalhas de curto prazo, buscar apoio de parceiros para resolver as de médio prazo e integrar ao seu planejamento as batalhas de longo prazo.
A seguir, a imagem ilustra um resumo visual de como resumimos aos nossos clientes o resultado de um diagnóstico.
Esse quadro-resumo traduz em uma única página um minucioso e aprofundado trabalho que apoia grandes marcas e negócios independentes a construírem planos ambiciosos, apoia equipes a terem clareza do que fazer de maneira cada vez mais profissional e assertiva.
Nem tudo é para todos, nem todas as soluções são viabilizáveis financeiramente em um negócio. Então, para que a empresa consiga focar no futuro, o esforço é de alinhamento entre líderes e liderados, parceiros do ecossistema desse cliente e novos potenciais parceiros.
A profissionalização de um negócio se dá a partir de ferramentas para os times, metas e gestão. Há uma tendência a referenciar empresas familiares como frágeis ou menos competentes em gerir os seus negócios. E isso não é uma verdade. Empresas que nascem de estruturas profissionais podem cometer os mesmos ou novos erros e prejudicarem os negócios.
Como escrito na abertura deste artigo, estamos em um momento único em disponibilidade e acesso a novas tecnologias. O que irá diferir empresas são sua mentalidade e atitude. Não são os mais fortes que evoluem, mas, sim, os que acompanham as transformações evolutivas.
Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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