Equidade: o prato principal no foodservice

Equidade: o prato principal no foodservice

A Mosaiclab realizou uma pesquisa para compreender as perspectivas do consumidor do amanhã para os próximos cinco a dez anos. Foi uma pesquisa global, envolvendo 17 países. Em um recorte Brasil, a primeira preocupação, dentre as dez mais importantes para o consumidor brasileiro, é com a pobreza e a desigualdade social. O mesmo consumidor afirma desejar conectar-se com empresas e marcas que sejam protagonistas da mudança que queremos em nossa sociedade.

Poderíamos debater pobreza e desigualdade sob múltiplos pontos de vista: histórico, político, cultural, alimentar, de infraestrutura, saúde e educação, dentre outros. Considerando exclusivamente o tema da desigualdade, gostaria de gerar reflexões sobre o seu oposto, a equidade.

Equidade significa a disposição de reconhecer imparcialmente o direito de cada um. Ou seja, agir ou tratar determinada pessoa com base no reconhecimento das suas características e necessidades individuais (Fonte: Dicionário Michaelis).

Tradicionalmente o foodservice tem o poder de reunir pessoas ao redor de uma mesa para encontros e conversas não censuradas. Estamos lá com nossos amigos, familiares e falamos sobre absolutamente tudo. Concordamos, discordamos, mudamos nossa visão, ganhamos e perdemos discussões acaloradas e aprendemos sobre a nossa nova sociedade.

Nesse contexto, vemos empresas de diferentes elos da cadeia do foodservice emergindo ou intensificando iniciativas que impactam todo o seu ecossistema, mas, principalmente, assumindo um papel de debate e educação sobre equidade em nossa sociedade.

São iniciativas como a “MOVER”, que se resume como resultado do encontro entre empresas que estão presentes todos os dias na vida dos brasileiros e entenderam a necessidade de contribuir com a pauta racial e agir sobre o futuro. Entre as empresas que fazem parte estão Heineken, McDonald’s, Kraft Heinz, Mondelez, Marfrig, JBS, Nestlé, Sodexo, Cargill e PepsiCo. Elas se comprometem a ter mais lideranças negras, gerar empregos e renda, além de contribuir com a transformação consciente na forma de ver e entender o mundo.

Surgem algumas ações que certamente serão inesquecíveis. A cervejaria Heineken já há alguns anos investe fortemente na desmistificação dos estereótipos e no respeito às mulheres. Campanhas de mulheres que gostam de tomar cerveja, curtem futebol e têm espaço onde quiserem vêm sendo uma das marcas registradas da empresa.

O Burguer King, durante o mês de junho, apresentou uma campanha com crianças e adolescentes explicando sua interpretação sobre o que significa a sigla LGBTQIA+, inclusive de forma integrada à vida de muitas delas. Houve polarização sobre a campanha, porém, o mais importante foi que a marca impactou as pessoas e as chamou para a reflexão.

Outro exemplo que quero destacar é da indústria de bebidas Coca-Cola, que lançou uma grande campanha usando seus produtos e mídias digitais para promover o debate sobre uma frase homofóbica amplamente usada no Brasil e infelizmente associada à sua marca: “Essa Coca-Cola é Fanta” e adicionou o “E daí?” com o intuito foi reforçar o respeito e equidade. Claramente com o compromisso em desassociar sua marca de atitudes discriminatórias e novamente levando a sociedade ao entendimento de que mudamos, evoluímos e precisamos mudar nossa mentalidade.

Recentemente conheci a Vírgula, uma empresa nova que promete ajudar agências e marcas a viabilizarem projetos e plataformas de diversidade e inclusão. Um super case deles não é no foodservice, mas é digno de nota. Eles criaram, para a operadora TIM, um teclado virtual, que pode ser baixado por usuários de qualquer operadora de celular, que avisa ao usuário quando ele digita expressões discriminatórias de qualquer tipo (homofóbicas, racistas, etc.). Assim, é possível educar e gerar a reflexão se realmente há um desejo em continuar a propagar palavras ofensivas em nossa sociedade.

O foodservice nos permite atender desde o cliente com menos recursos, por meio de ofertas populares, a experiências gastronômicas impagáveis para a grande maioria da nossa sociedade. Te convido à reflexão sobre o quanto o seu negócio e, principalmente, a sua equipe, está preparada para entregar sua promessa de marca aos clientes com equidade.

Vamos nos transformar!

Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice
Imagem: Envato/Arte/Mercado&Consumo

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