Por Alexandre van Beeck*
Na semana passada aconteceu em Las Vegas (EUA) a NACs Show, o maior evento de postos de combustíveis e lojas de conveniência no mundo. Por meio de diversas palestras e uma gigantesca feira de exposições, foram apresentados cases e tendências do mercado de lojas de conveniência que, assim como todo o varejo, está passando por uma grande transformação.
A NACs Show mostrou que o portfólio de produtos e serviços das lojas de conveniência estão ampliando e suas estratégias cada vez mais focadas em atender um perfil de consumidor mais diversificado, não só focado no motorista que vai abastecer, mas também em diferentes ocasiões de consumo.
Ao invés de buscar por produtos, o novo “consumidor de conveniência” está à procura de um local onde encontrará soluções. Algumas necessidades básicas, como abastecer e comprar alguma coisa para beliscar, continuam a existir. Porém, aumentaram as expectativas de como a loja deve oferecer e encantar o consumidor. Essas mudanças de expectativas estão estimulando o crescimento da categoria. O foodservice cresceu 4,4% no mercado americano e a abordagem junto aos millennials tornou-se importantíssima. Por serem jovens e com alto poder de compra, todo o varejo quer chegar até esses millennials, que ainda são exigentes na entrega das soluções e apresentam baixa fidelidade aos serviços que utilizam.
Ser uma loja limpa, segura e rápida já é o esperado por seus frequentadores e, hoje, devem provocar algo além disso. A partir deste cenário, ampliou-se a definição do que é uma loja de conveniência. Afinal, onde você poderia encontrar loja com um auto-serviço rápido, ao mesmo tempo com um serviço assistido com produtos frescos, combinando com uma forma personalizada e customizada para levar produtos para serem consumido em casa?
As lojas de conveniência estão se tornando um formato único no varejo e a oportunidade de captar esse momento é investindo em pessoas, produtos e produtividade. Aliás, uma das palestras mais concorridas foi a de revisão de processos para tornar a operação da loja mais leve e eficiente. Extremamente relevante para a realidade brasileira.
Mix renovado com produtos frescos
As lojas de conveniência continuam sendo um ponto central para quem quer ganhar tempo e comer algo rápido. No entanto, a preocupação com a saudabilidade e a busca por produtos saudáveis cresce a cada dia. Esta foi definitivamente a pauta principal da NACs. Na grande palestra de abertura oficial do evento, foram apresentadas as iniciativas que promovem uma melhor alimentação dos americanos. Esse caminho não é uma tendência, mas uma estratégia de longo prazo. A conveniência cumpre este papel fundamental para estimular e facilitar o consumo de comidas saudáveis. O slogan “Escolha saudável. Escolha fácil” é totalmente pertinente ao negócio da conveniência.
Dentro da estratégia de facilitar e estimular o consumo de produtos saudáveis, foram apresentados e discutidos a importância de se desenvolver toda a cadeia com o mesmo foco. Transformar as lojas de conveniência em um destino para aqueles que procuram por produtos frescos inicia no produtor, passando pela distribuição, chegando até a exposição na gôndola. Os consumidores continuam desejando alguma coisa para beliscar e eles irão consumir o que estiver com acesso mais fácil. Que seja opção mais saudável!
Como o conceito de lojas de conveniência é muito maior que somente atrelada aos postos de combustíveis, novas oportunidades de conveniência saudável surgem dentro de lojas de proximidades, farmácias, escolas, hospitais, hotéis, aeroportos e até em food trucks.
Integração pista – Loja de Conveniência
Um dos maiores desejos dos operadores de postos de combustíveis é converter o maior número possível do fluxo de consumidores que abastecem os carros e em compra dentro das lojas de conveniência.
Este caminho está sendo encurtado por meio da tecnologia. Nos últimos anos, as bombas de combustíveis ganharam inteligência e integração com as lojas e, hoje, através de aplicativos móveis, essa ligação incluiu o consumidor no processo.
Foram diversos exemplos que encontramos na feira. O consumidor pode utilizar aplicativos de comparação de preços online e em tempo real dos postos que estão próximos e ainda receber a orientação de como chegar em menos tempo até o posto com o menor preço.
Nos EUA, a maioria dos postos não contam com o frentista para auxiliar no abastecimento, abrindo a oportunidade para os aplicativos desenvolverem o papel de conexão e de realizar esse serviço. Com o celular, o cliente se conecta à bomba, escolhe a quantidade de combustível e libera o abastecimento. Enquanto isso ocorre, surgem na palma da mão, sugestões de consumo de produtos que estão dentro da loja. O cliente escolhe e paga via celular, o sistema é integrado com o caixa da loja e ele retira o produto escolhido mostrando o comprovante de pagamento no interior da loja.
*Alexandre van Beeck (alexandre.beeck@gsmd.com.br) é head da GS&AGR Consultores.