O CEO do grupo varejista francês Les Mousquetaires, Thierry Cotillard, endossou o boicote às carnes oriundas da América do Sul em suas redes de supermercados Intermarché e Netto. Em publicação nas redes sociais, ele afirmou que as varejistas do grupo se comprometem a não comercializar o produto sul-americano, seguindo a iniciativa do seu concorrente Carrefour.
O executivo da Les Mousquetaires disse que a medida visa a soberania alimentar e apoia os agricultores franceses.
Ele ainda pediu uma mobilização coletiva. “Faço um apelo às indústrias para que demonstrem o mesmo nível de comprometimento e transparência quanto à origem da matéria-prima utilizada”, escreveu.
De acordo com ele, o boicote deve ser aplicado também aos produtos que são utilizados para fabricação de itens de marca própria.
Nas últimas semanas, agricultores franceses ampliaram as manifestações contra o acordo comercial União Europeia-Mercosul. Eles argumentam que a medida ameaça seus meios de subsistência ao permitir um aumento das importações agrícolas sul-americanas produzidas sob padrões ambientais menos rigorosos.
Os blocos econômicos chegaram a um acordo inicial em 2019, mas as negociações tropeçaram devido à oposição dos agricultores e de alguns governos europeus, como a França.
Carrefour: medida vale só para lojas da França
O Carrefour França afirmou, em nota oficial, que o veto à venda de carnes do Mercosul é válido apenas para as unidades da rede varejista no país. A medida havia sido anunciada pelo CEO da companhia, Alexandre Bompard, em carta publicada nas redes sociais, mas não deixava claro o nível de extensão da medida da companhia.
“O Carrefour França informa que a medida anunciada nesta quarta-feira, 20, se aplica apenas às lojas na França. Em nenhum momento ela se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em um contexto de crise”, disse o Carrefour França nesta quinta-feira, 21.
No comunicado, o grupo também ressaltou que não haverá mudanças nas atividades da companhia em outros países, incluindo o Brasil.
“Todos os outros países onde o Grupo Carrefour opera, incluindo Brasil e Argentina, continuam a operar sem qualquer alteração e podem continuar adquirindo carne do Mercosul. Nos outros países, onde há o modelo de franquia, também não há mudanças”, acrescentou o Carrefour França na nota oficial.
Bompard havia anunciado a medida em carta endereçada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas. O CEO afirmou que a decisão foi tomada após ouvir o “desânimo e a raiva” dos agricultores franceses, que protestam contra a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
Os grupos pedem que o presidente francês, Emmanuel Macron, anuncie que vai utilizar o veto da França se o projeto for aprovado.
Com informações de Estadão Conteúdo (Ana Ritti).
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