“A concorrência é estimulante”, diz Tite em entrevista para o Mercado & Consumo

Adenor Leonardo Bachi, o Tite, nasceu em Caxias do Sul e foi impedido de seguir carreira como jogador de futebol por problemas no joelho, mas não se afastou do esporte que é paixão nacional dos brasileiros. Alcançou a posição de técnico da Seleção Brasileira de Futebol em 2017 e é considerado um dos líderes mais inspiradores – dentro e fora dos gramados.

Ele concedeu entrevista ao Portal Mercado & Consumo e falou sobre como engajar pessoas, liderar equipes e implementar modelos de gestão de alto rendimento. Confira!

Mercado & Consumo – Varejo e Futebol possuem algumas semelhanças: emoção e pessoas. Cite 3 lições dos gramados que os varejistas podem levar para suas equipes?

Tite – Em primeiro lugar, a importância do trabalho em equipe. Não se trata de um discurso populista. É uma realidade. Se a engrenagem não estiver funcionando de maneira completa, o resultado final não acontecerá em sua plenitude.

Em segundo, o ser humano não é uma máquina. É preciso compreender que ele sente, sofre, tem problemas. E isso não pode ser desprezado nas suas relações profissionais. Compreender e saber conviver com esse fator é fundamental.

Em terceiro, existem várias formas de motivação. Cada pessoa tem o seu fator motivador. Liderança envolve entender como trabalhar e explorar essa questão para o bem comum.

M & C – Outra característica marcante no seu modelo de trabalho é a criação de processos eficientes, capazes de transformar uma mesma equipe (que no passado tenha apresentado falhas), em um time vencedor. Quais são os passos para desenvolver processos eficientes e, principalmente, convencer a equipe a acreditar neles?

Tite – Não basta apenas falar o que se deve fazer e como se conduzir. É preciso comprovar através de atitudes que você faz o que prega. A partir do momento em que quem é comandado percebe isso de seu comandante, os processos fluem com maior naturalidade. Os processos são mais bem entendidos e as correções sobre o que deu errado e a valorização do que vem funcionando, se potencializam.

M & C – Tanto no mundo dos negócios, quanto no futebol, a concorrência é cada vez mais global e veloz. São pequenos detalhes que podem fazer a diferença. Qual o papel do líder neste contexto? Quais são os líderes que te inspiram – dentro e fora dos campos, e por quê?

Tite – A concorrência é estimulante. Trabalhar para ser o melhor é fundamental em qualquer atividade profissional. Entendo que ser o melhor não significa passar por cima do adversário, tripudiar, obter vantagens de maneira escusa. É investir em conhecimento e fortalecimento do seu time. Vencer sendo o melhor. E para isso, conhecer e estudar sempre o mercado no qual você atua é imprescindível. Nelson Mandela, Telê Santana e Zico são líderes e pessoas que me inspiram.

M & C – O torcedor é implacável, passional, o verdadeiro “camisa 12” do time. No varejo, o consumidor está cada vez mais empoderado. Quais seriam as suas estratégias para lidar com a “pressão da torcida” e também para engajá-la e envolvê-la, para que ela resgate a confiança no “time”?

Tite – Nossa pesquisa de qualidade no futebol é a satisfação do torcedor. É ele quem irá “consumir” o produto final. No varejo, o consumidor assume esse papel. É para eles que todo trabalho é direcionado. O torcedor se engaja quando percebe que o trabalho é bem feito e há seriedade e preocupação com a qualidade. Quando acontece essa simbiose entre time e torcida, o apoio cresce e se torna um diferencial.  

M & C – Assim como o futebol brasileiro parece retomar a sua confiança, o varejo e a economia do país também começaram a reagir. Qual mensagem você deixa para estes empresários não se acomodarem nas glórias do passado recente (o qual chamamos de “A década de ouro do varejo”) e recriarem uma nova estratégia vencedora para sair da crise?

Tite – Eu costumo dizer que convivo e tenho como característica a inquietude do saber. Nossa atividade profissional necessita da busca de conhecimento a todo tempo. Isso vale para as derrotas e também para as vitórias. Não há garantias de que tudo está funcionando perfeitamente quando se conquista resultados, nem que deve ser fazer uma caça às bruxas quando o resultado é negativo. A mensagem que deixo é da busca constante de evolução. Conhecer ainda mais o mercado onde se atua, buscar extrair ainda mais o melhor de cada funcionário, buscar aperfeiçoamento como líder através de experiências vivenciadas por si mesmo ou por outras pessoas são ferramentas importantes para manter crescente o processo de evolução profissional.

RETAIL EXECUTIVE SUMMIT

Não foi a toa que ele foi escolhido para encerrar, com “chave de ouro”, o Retail Executive Summit, evento organizado pela GS&MD Conteúdo & Relacionamento, que acontecerá em Nova York (EUA), no dia 17 de janeiro de 2018, após o NRF Retail´s Big Show.

Durante o evento, Tite irá compartilhar mais sobre seu modelo de lideraça e gestão, além de abordar o tema: “Novo Ciclo – O Brasil que dá certo, volta por cima e reaprende a ganhar”. Será a sua última participação em evento público antes do início das preparações para a Copa do Mundo de 2018.

Saiba mais: http://gsmdnrf.com.br

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