Licenciamentos são oportunidade de diferenciação no varejo de brinquedos

Apesar do domínio dos grandes players, nos últimos anos o mercado mudou e as PME's também conseguem fechar parcerias

Roblox, Fortnite, Naruto, Patrulha Canina, Harry Potter, Pokémon, Vingadores e muitos outros desenhos e videogames estão na ponta da língua das crianças e nas suas rotinas. A exposição em inúmeras plataformas a conteúdos dessas marcas fez com que elas se tornassem fenômenos e desejo de consumo de milhares de crianças por todo o mundo – e uma aposta do varejo de brinquedos.

De acordo com dados da Askids, empresa que analisa as tendências de consumo do público infanto-juvenil, três em cada dez brinquedos citados entre os favoritos dos entrevistados são itens licenciados. A mesma pesquisa da Askids também mapeou os programas favoritos dos respondentes (Naruto, Turma da Mônica, Bob Esponja, Patrulha Canina e os Simpsons) e os jogos online de preferência desse público (Minecraft, Roblox, Among Us, FIFA e Call of Duty).

Para Marici Ferreira, CEO e Presidente da EP Grupo e da Abral (Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens), o licenciamento é muito usado pelos grandes players que buscam diferenciação no PDV. “Mas as empresas que desenvolvem linhas licenciadas também investem em sua linha própria. Afinal, os varejistas oferecem um mix diversificado ao consumidor”, diz.

Uma rápida visita nos principais estandes na Abrin 2022, principal feira do varejo de brinquedos na América Latina, já mostrava o apelo por conteúdos licenciados. Eram diversos itens, de figuras de ação até instrumentos musicais ilustrados pelo conteúdo licenciado. Todos os itens expostos durante a feira têm previsão para serem lançados ao longo do ano de 2022.

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Estande da Sunny durante a Abrin de 2022

Questionada sobre o que pode surgir de tendência no mercado de licenciamento, Marici falou que não devem ocorrer ter muitas mudanças. “Propriedades relacionadas aos grandes lançamentos de cinema e streaming, bem como focadas em games, sustentabilidade e diversidade, seguem bem cotadas para linhas de produtos”, finalizou a CEO.

Acerca da preferência das marcas por grandes players do setor para realizar parcerias, Marici afirmou que é certo que grandes volumes de produção e distribuição são importantes, mas que essa questão tem mudado. “Observamos algumas mudanças nos trâmites do licensing nos últimos dois anos e as médias e pequenas empresas vêm ganhando espaço na parceria com as marcas”, completou a executiva.

Experiência do consumidor

A forma e a experiência de compra mudaram nesses últimos dois anos em consequência da pandemia. Neste mesmo período, o consumidor aprendeu a comprar online e se familiarizou com esse processo. Entretanto, com o avanço da vacinação e a retomada do varejo físico, a experiência do consumidor nos pontos de venda (PDV) precisa ser repensada.

“O ponto de venda físico precisa ter algum diferencial que faça valer o deslocamento das famílias até a loja”, destacou Marici. Ela afirmou também que os momentos em família ganharam espaço no cotidiano por meio de brincadeiras e jogos. Espaços que possibilitem essa interação podem ser diferenciais.

Durante o Abrin Talks, espaço de debates da Abrin 2022, Marici trouxe outros insights de como proporcionar uma boa experiência no PDV. Além do espaço para as famílias e da aposta em símbolos e personagens, ter vitrines bem montadas e com uma composição com diversas cores tende a atrair mais o público infantil.

Além disso, ter espaços destinados para as crianças interagirem com os brinquedos, sejam áreas mais reservadas, sejam próximas à entrada, permite uma primeira experiência interessante. Já na parte de disposição dos produtos, expor os itens de acordo com a altura das faixas-etárias indicadas para os brinquedos pode ser um facilitador.

Apesar da volta da experiência offline, o online segue tendo grande importância para as empresas que cada vez encontram um consumidor mais omnicanal, querendo o produto quase que imediatamente. Entre os insights para o online, estão o relacionamento pelo WhatsApp, oferecer dicas para contextos específicos em posts, uso de vídeos para mostra os produtos, investir em e-mail marketing e ter um site que vá além da venda de produtos.

Por fim, Marici cita o exemplo da loja de brinquedos norte-americana Camp como um estabelecimento dos sonhos para consumidores e varejistas. Em janeiro desse ano, a Mercado&Consumo fez uma visita à loja e mostrou diversos detalhes que tornam esse local tão único.

Imagens: Marcelo Audinino

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