7 pistas de que você tem o perfil certo para abrir uma franquia

Ter uma franquia é um investimento aparentemente mais seguro do que um negócio próprio. Mas, sem um perfil condizente, até a melhor empresa pode falir.

 

São Paulo – As redes de franquias são uma opção muito procurada pelos empreendedores de primeira viagem. O setor faturou 139 bilhões de reais no ano passado e, mesmo esperando uma leve desaceleração para 2016, continua projetando um crescimento de 6 a 8%.

Porém, é preciso olhar para além dos números otimistas e da possibilidade de dividir a responsabilidade de um negócio: para ter sucesso com franquias, é preciso saber se você tem o perfil adequado.

“Há muitas pessoas que acham que ter uma franquia é muito simples e que qualquer um pode ser um franqueado. Mas não é bem assim”, explica André Pereira, autor do livro “Franquia 100% Varejo e Serviços” e sócio-diretor da consultoria Grupo Soares Pereira & Papera (GSPP). “Ele também precisa ter noção dos papéis: enquanto o franqueador planeja estrategicamente a rede e fornece sua experiência no ramo, o franqueado é o responsável por toda a operação da sua unidade.”

No mundo do franchising, há uma via de mão dupla: ao mesmo tempo em que a franqueadora analisa seu perfil, você também deve entender aonde está entrando. ” O negócio ser bom ajuda muito o franqueado a se tornar bom também, até por um aspecto motivacional. Não adianta ele ser um super-herói se ele não está diante de um bom negócio”, explica José Carlos Semenzato, do grupo de franquias SMZTO.

Se você não é esse super-herói, também não se preocupe: as franqueadoras sabem que existe o franqueado ideal e o franqueado real. “Enquanto franqueador, é preciso ter um processo seletivo aprimorado, que busque franqueados mais próximos do ideal. Porém, claro, as duas partes possuem erros e acertos, e isso faz parte do relacionamento entre franqueado e franqueadora”, diz Altino Cristofoletti, vice-presidente da ABF.

Será que você tem algumas das características de um franqueado ideal? Confira, a seguir, quais são elas:

1. Você avalia negócios racionalmente, e não pelo impulso

Você adora comer. Então, será que deveria gerir um restaurante? Pode parecer uma questão de resposta fácil, mas muitos futuros franqueados assinam a aquisição de uma unidade sem saber exatamente o que será necessário para viabilizar seu sonho de empreender.

“Uma pessoa pode gostar de comer e, ao mesmo tempo, ignorar quais recursos serão necessários para administrar um restaurante de sucesso: por exemplo, trabalhar fora do horário comercial”, explica Cristofoletti, da ABF. “O processo de seleção de uma franqueadora precisa ser bem racional. Deve envolver desde a família até a análise minuciosa do contrato de aquisição de uma unidade franqueada. Essa racionalidade será essencial para o dia a dia do negócio, e o franqueado deve exercitá-la desde já.”

2. Mesmo assim, você não investe sem ter afinidade pela franquia

Apesar de a racionalidade ser essencial na hora de investir, não adianta se guiar apenas por indicadores de retorno e entrar em um setor que você odeia.

“O franqueado precisa gostar do negócio em que está entrando. Se você não tem afinidade com o negócio, acordará todos os dias sem vontade de trabalhar”, explica Pereira, da GSPP. O que é ainda pior que uma insatisfação de funcionário: afinal, você investiu seu próprio dinheiro no empreendimento. Segundo o autor, a chance de sucesso é muito maior quando o franqueado é engajado com seu empreendimento.

Além de se interessar pelo setor de atuação, é preciso ter afinidade com as atitudes da franqueadora. “O franqueado precisa estar sintonizado com os valores da franqueadora. É algo que a própria empresa vê com cuidado, porque busca atrair pessoas que comungam dos mesmos valores dela”, explica Cristofoletti, da ABF. No processo seletivo, prepare-se para perguntas lúdicas e situacionais, que avaliam como você agiria diante de uma complicação.

3. Você sabe que franquia não é garantia de sucesso, e está pronto para o risco

Adquirir uma unidade franqueada é um investimento. Mesmo que este tipo de empreendimento seja considerado mais seguro do que abrir um negócio próprio, até unidades franqueadas de marcas reconhecidas podem não dar certo.

“Lembre-se que a franquia funciona por uma co-participação entre franqueadora e franqueador: não dá para depender apenas do nome do negócio para obter sucesso”, alerta Cristofoletti. “Se você é totalmente averso a riscos, melhor continuar sendo um ótimo funcionário e não empreender, mesmo em franquia.”

4. Você tem tempo para estar na operação do negócio

Assim como se associar a uma marca conhecida não é garantia de sucesso, o franqueado ideal também sabe que sua unidade não irá girar sem sua presença na operação – ainda mais se este for seu primeiro empreendimento. “Na sua primeira loja, é bom ter disponibilidade para operar o negócio e acompanhar o dia a dia. Não adianta entregar tudo na mão de um gerente, ainda mais quando você não tem tanta experiência”, defende Pereira.

Isso não é uma regra intocável, porém: há setores que pedem maior ou menor dedicação presencial. Por isso, leve em consideração a carga horária requerida pela franqueadora antes de adquirir sua unidade.

5. Você já teve uma experiência com negócios

Apesar de esta não ser também uma característica obrigatória do franqueado ideal, já ter tido alguma experiência em gestão de empreendimentos é algo muito bem avaliado por franqueadoras – mesmo que seus negócios não tenham dado certo.

“Isso porque ele já teve de lidar com questões burocráticas e com gestão de pessoas, por exemplo. Essas são áreas em que qualquer experiência já é benéfica”, explica Cristofoletti.

Muitos candidatos saem de uma longa vida de funcionário e se espantam com condições que parecem naturais a quem já empreendeu. Por exemplo, ter de pagar salários no fim do mês, enquanto antes havia o costuma de vê-los cair na conta bancária. “Claro, isso não é algo fixo: há bons candidatos que são ou foram funcionários, mas que têm uma atitude empreendedora diante da vida e no seu ramo de atuação”, completa o vice-presidente da ABF.

Semenzato, da SMZTO, também ressalta a experiência prévia do futuro franqueado, mas nos aspectos comercial e financeiro. “O franqueado ideal é quem é capacitado tanto em metas de venda quanto em finanças. Ele sabe manter a satisfação dos clientes, a qualidade do produto ou serviço, a experiência no ponto de venda e a base de consumidores fiéis. Ao mesmo tempo, entende de margens e sabe manter o faturamento controlado.”

Porém, não é preciso desesperar-se caso alguma dessas habilidades não esteja no seu repertório: o franqueador deve oferecer treinamentos constantes aos seus franqueados para que eles melhorem em áreas deficitárias. A franqueadora é obrigada a compartilhar seu know how com você, então cobre isso dela.

6. Mesmo não sendo vendedor, você sabe firmar relacionamentos

Uma outra característica do franqueado ideal é saber como firmar bons relacionamentos e negociações, mesmo que ele não esteja especificamente na área comercial da sua franquia.

“O franqueado ideal é um empreendedor que está sempre ligado a vendas. Independente do seu setor de atuação, sempre será preciso promover aquilo com que você trabalha, negociar com fornecedores e conseguir feedback dos seus próprios clientes. É um quesito importante durante a avaliação da franqueadora”, explica Cristofoletti, da ABF.

Pereira ressalta também que a boa capacidade de relacionamentos se estende à franqueadora. “Essa é uma parceria de longa duração, então formar uma boa relação é fundamental. O franqueado precisa ser uma pessoa de fácil trato”, diz o autor.

7. Você entende quando é hora de inovar e quando é hora de seguir regras

Falando em ser de fácil trato, o franqueado ideal sabe equilibrar bem duas posturas distintas: a de inovar e a de seguir receitas de sucesso comprovado. Ter em excesso alguma dessas posturas pode gerar problemas com a franqueadora.

“O franqueado muito empreendedor é pouco aderente às regras da franqueadora. Normalmente, ele quer sempre fazer diferente do que os manuais recomendam. E aí entra um dos maiores erros desse franqueado: ele aprende o mínimo possível com a franqueadora, que já testou o que foi ensinado”, explica Semenzato. É o caso de um franqueado que não segue o padrão de atendimento e as receitas de uma rede de restaurantes, por exemplo.

Porém, há situações em que a criatividade faz toda a diferença. Nesse caso, um franqueado mais pró-ativo é bem visto. O diretor da SMZTO cita um outro exemplo: as franquias de buffets infantis, que precisam se desdobrar para atender os desejos particulares de seus clientes.

 

Fonte: Exame

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