A Gouvêa Ecosystem realizou, nos dias 18 e 19 de abril, a 1ª edição do evento Digitail. Com a participação de 31 palestrantes, os debates discutiram o presente e o futuro do varejo impulsionados pela transformação digital.
O evento evidenciou ainda mais o poder transformador do digital em todas as esferas dos nossos negócios, seja impulsionando as vendas pelos canais digitais, seja pelo salto em produtividade e eficiência quando aplicado em segmentos como logística, pricing, meios de pagamentos, gestão de pessoas etc.
Com tamanho desenvolvimento demostrado pelos varejistas líderes que estiveram no evento, decidi fazer um apanhado do atual estágio de desenolvimento dos canais dgitais dos líderes do varejo em cada segmento e que possuem capital aberto. Te convido a me acompanhar agora nesse tour.
RD/Raia Drogasil
Com participação de 15,1% no market share de farmácias no Brasil, a gigante do segmento encerrou o ano de 2022 com 2.697 lojas. Abrindo 260 farmácias no ano e fechando 53, a empresa pretende manter o ritmo de ~260 novas lojas/ano no período de 2023-2025.
O forte crescimento da base de lojas físicas atrelado com uma ousada estratégia digital permitiu que a empresa faturasse, em 2022, R$ 31 bilhões. O resultado foi puxado por um robusto crescimento de 52,7% (2022 x 2021) nas vendas digitais, que saltaram de uma penetração de 8,7% para 11,1%, o que representa R$ 3,2 bilhões de faturamento atavés desse canal.
A ampla pulverização de lojas e a profunda integração dos canais permitem com que a empresa possa atender 94% dos pedidos digitais diretamente por suas farmácias, o que reduz drasticamente o custo de fulfillment. Além disso, 89% dos pedidos digitais são entregues em até 4 horas diretamente das lojas que estão perto do cliente.
Essa configuração equaciona um dos grandes desafios do digital nesse segmento: pela natureza de urgência/primeira necessidade, o cliente quer receber seus pedidos ultrarrápido. Por outro lado, os custos de última milha, muitas vezes, são impeditivos.
Carrefour
A maior varejista do País, faturando R$ 108 bilhões no consolidado dos seus negócios, também avança rapidamente nas frentes digitais.
Em 2022, a empresa faturou R$ 6,4 bilhões nos canais digitais, dos quais R$ 2,9 bilhões nas categorias de alimentos e R$ 2,8 bilhões em não alimentos, representando uma penetração próxima aos 6% no total da empresa.
Dentro desse composto, surpreende o resultado do digital dentro do Atacadão, iniciativa recente da companhia e que, por vezes, foi avessa a adotar esse canal no formato atacarejo por seu potencial impacto negativo em custos. Essa que se tornou a principal bandeira do grupo, faturando R$ 74 bilhões, em 2022, já tem 3,4% do seu faturamento no digital, consolidando a empresa como líder no varejo digital de alimentos.
Renner
Mesmo operando em um dos segmentos mais desafiados pela pandemia e pelo atual cenário econômico, a maior varejista de moda do País apresentou números recordes em 2022, com faturamento líquido de R$ 11,6 bilhões e lucro líquido recorde de R$ 1,3 bilhão, uma evolução de 18% frente a 2020, seu maior lucro até então.
O digital acompanhou a expansão da companhia, com um crescimento ~3p.p. superior ao das lojas físicas, atingindo a marca de R$ 2,1 bilhões faturados e penetração de 13,5%. O que mais impressiona no resultado da empresa é a rápida evolução do digital, que saiu de tímidos 4,3%, em 2019, para o atual patamar em apenas 3 anos – um sinal da relevante mudança no comportamento do consumidor e do aumento da oferta digital pelo varejo impulsionada pela pandemia.
Os números de penetração e crescimento do digital na Renner são eloquentes e mostram que a realidade do segmento de moda no Brasil já passa pelo digital. A empresa estima que esse cenário não só será mantido, como deve acelerar.
Dos atuais 18,7 milhões de consumidores, apenas 10,8% são omnicanais, e a Renner estima alcançar a marca de 15,3% de penetração digital entre 2024-2025, o que elevaria a penetração desses canais na empresa de 13,5% para algo na casa de 20% nos próximos anos, considerando os parâmetros atuais.
Magalu
O Magalu continua defendendo sua posição de dos maiores varejista do País, com um faturamento de R$ 60,2 bilhões, puxado pela grande estrela do ecossistema da empresa – seus canais digitais, profundamente integrados à infraestrutura física da companhia.
No 4º trimestre de 2022, o digital foi responsável por 72% do faturamento da empresa, segundo o Relatório de Investidores Magazine Luiza.
O Magalu era uma das empresas mais preparadas para absorver a migração para o digital causada pela pandemia. Após a alavancagem nas vendas em 2020, o online do Magalu continua avançando rapidamente, com crescimento de 17% em 2021 e de 16% 2022, dos quais 64% são vendidos na modalidade 1P – vendas feitas pelo Magalu – e 34% pelo 3P – vendas dos sellers que estão no marketplace da empresa e que já somam 260.000 vendedores. Em 2022, o digital de empresa evoluiu 9%, enquanto as lojas físicas avançaram 6%.
A empresa vem há anos expandido seus segmentos de atuação, seja por aquisições ou diversificando os segmentos que comercializa diretamente, seja aumentando o leque de sellers no seu marketplace. O resultado dessa estratégia foi um dos destaques do reporte do 4T22: as tais chamadas novas categorias, como automotivo, mercado, food delivery, casa, móveis, moda e esporte, já representam 51% do GMV digital do Magalu.
O que vem por aí
Fica evidente que os líderes de mercado estão acelerando e apostando forte nos canais digitais como uma alavanca fundamental de desenvolvimento dos seus negócios, principalmente quando combinadas com um robusto ativo de lojas físicas e infraestrutura de suporte através de uma estratégia única e integrada de canais.
Nossa visão é de que esse movimento tende a acelerar ainda mais no decorrer dos próximos anos, com uma inevitável expansão para todos os segmentos de consumo e varejo. Aqueles que estiverem liderando esse movimento tendem a ser protagonistas nos seus segmentos de atuação.
Eduardo Yamashita é COO da Gouvêa Ecosystem.
Imagens: Shutterstock e Reprodução