Varejo está cada vez mais maduro e digital, dizem executivos de grandes redes

Não é mais novidade que a chegada do coronavírus acelerou o processo de digitalização do varejo brasileiro – e não só dele. Seja pela mudança no comportamento do consumidor, seja pela trajetória de crescimento do e-commerce já no período pré-pandemia, as varejistas descobriram um longo caminho de crescimento e muitos investiram pesado nos canais digitais nestes últimos meses.

Para Sergio Boriello, CEO da Pernambucanas; Iuri Miranda, CEO do Burger King Brasil; e Fabia Miranda, gerente de Gente e Cultura da rede Supermercado Nordestão, o mercado sofreu um forte amadurecimento neste quesito. Os três executivos se reuniram no início da noite desta quinta-feira (28) durante o último debate do evento virtual “Retail Trends – Estratégias vencedoras para 2021”, promovido pela Gouvêa Experience, que contou ainda com consultores nacionais e estrangeiros, além de outros executivos do varejo.

A Pernambucanas precisou reforçar todo o seu ecossistema digital para continuar operando durante o período em que as atividades não essenciais estavam suspensas por causa da pandemia. Segundo Borriello, foi preciso enfrentar um teste de resiliência estratégica durante a pandemia para ver se aquilo que a empresa estava fazendo no mundo digital era adequado. “Muita coisa estava certa, mas havia alguns pontos de melhoria”, afirmou o executivo, que usou como exemplo o WhatsApp, até então um canal de vendas não desenvolvido, de forma completa, dentro da empresa.

O CEO da Pernambucanas comentou, ainda, que esse tipo de venda provocou a busca por revendedores que desejavam trabalhar com a marca e aumentar a capilaridade em mercados onde ainda não estavam presentes, por exemplo. “Esse movimento inspirou um projeto de representação comercial por meio de pessoas físicas que será lançado em março. A pandemia nos trouxe um reequilíbrio, provando que a omnicanalidade do atendimento ao cliente tem funcionado”, avalia o o executivo.

Setor com grande potencial

Do lado do foodservice, Iuri Miranda compartilhou três pontos de atenção observados em meio a pandemia: aceleração de tendências, adaptabilidade das empresas e convício com a incerteza. Para ele, ominicanalidade e delivery tiveram um boom.

Além disso, as mudanças que o mercado de fast-food adotou para enfrentar o último ano devem permanecer em 2021. “O delivery deve ter uma estabilização, mas ficará um crescimento residual porque agora as pessoas experimentaram”, diz.

Ainda segundo ele, no Brasil, 34 milhões de pessoas fizeram seu primeiro pedido de delivery em 2020 e cerca de  70 milhões possuem um smartphone no qual ainda não ativaram nenhum aplicativo de entrega. “Estes números nos mostram o tamanho da oportunidade e do potencial que o setor tem”, aponta.

Supermercado “tá on”

Com 12 lojas distribuídas em regiões estratégicas na cidade de Natal (RN), a rede de supermercados Nordestão atende mais de 1 milhão de clientes por mês e tem investido para expandir as vendas de suas lojas online. Embora a adoção de um sistema de e-commerce já fizesse parte dos planos da rede, a pandemia acelerou a execução do projeto, que já resulta em quatro lojas adaptadas para a venda no ambiente digital.

De acordo com Fabia Miranda, o ano de 2020 foi um ano de disrupção imensa. “Para uma empresa do Nordeste, o nosso maior desafio foi integrar, em um curto período de tempo, todas as áreas da empresa aos nossos sistemas”, explica.

A rede, que atua com o Rappi como parceiro de entregas, já vinha montando uma estrutura própria por meio dos de atendimento pelo site – com franco crescimento. “A pandemia nos fez entender melhor do que éramos capazes. E a ideia é ampliar ainda mais os serviços oferecidos neste sentido”, diz.

O grupo vai inaugurar, em abril deste ano, o atacarejo Superfácil, em João Pessoa (Paraíba), e projeta a abertura de mais duas lojas em Natal, até 2022.

Imagem: Bigstock

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