O varejo que quer atrair o consumidor nos anos que estão por vir deve estar atento a tendências como venda de produtos por encomenda, a gamificação de experiências e a promoção de bem-estar. As marcas devem se adaptar a clientes que ocupam dois espaços em tempo integral: a casa física e o mundo digital.
É o que mostra o relatório “Future Consumer 2023”, realizado pela consultoria WGSN a partir de pesquisas feitas com pessoas do mundo todo nos últimos meses. “À medida que quebramos os limites entre o comércio físico e o digital, as marcas devem se adaptar rapidamente. Se você não encontrar seus clientes onde eles estão, outra pessoa o fará”, alerta a diretora de Insight da WGSN, Andrea Bell.
Um ano após o início da pandemia de Covid-19 e da reformulação compulsória dos negócios, as empresas agora estão buscando oportunidades no rescaldo das incertezas que ainda pairam no ar. A percepção do consumidor sobre produtos e experiências mudou, redefinindo o consumo global e as prioridades. Segundo o relatório, os efeitos da sobrecarga emocional e do anseio por dias melhores ainda ressoarão em 2023.
Ações necessárias desde já
A forma como as pessoas se sentem terá um impacto maior sobre a maneira como elas gastam. Para as empresas, nunca foi tão importante o alinhamento às necessidades e aos desejos do consumidor para garantir que os produtos que eles vão priorizar sejam criados. O “Future Consumer 2023” destaca as ações necessárias desde já para ir ao encontro dessas expectativas.
O relatório divide os consumidores em quatro perfis: os “profetas” (que desejam estabilidade e segurança depois da incerteza econômica, da fadiga emocional e de uma noção distorcida do tempo); os “novos românticos” (que têm uma profunda necessidade de se reconectar com suas emoções); os “impossíveis” (um grupo de ativistas que busca reconstruir tudo de forma melhor); e os “condutores” (consumidores em busca de emoção e de “momentos altamente sensoriais”).
O documento também traça as estratégias necessárias para envolver esses consumidores. Para os profetas, por exemplo, tendem a fazer sucesso iniciativas relacionadas a encomendas e produtos feitos sob medida. Os “novos românticos” valorizam rituais e higiene emocional; os “impossíveis”, venda direta ao consumidor e oportunidades de investimento em negócios; e os “condutores” gostam do varejo gamificado e de espaços em que podem se comunicar, jogar, comprar, aprender e trabalhar.
Varejo está atento às tendências
Segundo Andrea Bell, o varejo já está atento a essas tendências. “A previsão é de que essas estratégias estejam massificadas em 2023, mas já podemos ver estágios iniciais de investimento dependendo da região.”
“Conforme destacado na estratégia para se conectar com os ‘profetas’, a [instituição financeira] Capital One lançou recentemente o Capital One Shopping, uma ferramenta que verifica instantaneamente se há cupons e descontos em 30 mil varejistas. Esse grupo é sensível ao preço, mas a falta de tempo significa que qualquer economia integrada incorporada à jornada do cliente resultará em conversões mais altas.”
Uma previsão em particular continuou a crescer: a ascensão do metaverso e dos mundos virtuais. “A WGSN vinha rastreando ‘terceiros espaços’ por um tempo e previu que as gerações pré-pandêmicas, mais jovens, incluindo a Geração Z, gravitariam e comprariam em mundos de marca ou experienciais”, diz Bell. “Estamos em 2021 e várias marcas estão testando essa estratégia. Da recente experiência de Realidade Virtual da Bvlgari para lançar sua mais nova fragrância masculina até a criação, pela Pangaia, de um microsite para transportar clientes para a região selvagem da Antártica, esses metaversos estão impulsionando o comércio eletrônico.”
Andrea Bell cita outros exemplos. “O Shopify relatou que as interações com conteúdo de Realidade Aumentada e microsites resultaram em uma conversão 94% maior. O lançamento de 5G e 6G continuará a suavizar a experiência e aumentar a aceitação do consumidor. Esta é realmente a ponta do iceberg, pois existem infinitas possibilidades de entretenimento.”
Soluções para o estresse
Outra tendência acelerada é a da encomenda de produtos. “Os consumidores procuram ativamente marcas que tenham esse serviço. Um dos maiores impulsionadores da fidelidade do cliente é a disponibilidade de estoque. As encomendas são uma forma de eliminar a ansiedade e oferecem uma alternativa sustentável para o excesso de produção e estoque.”
Além disso, segundo Andrea Bell, planos de assinatura continuam a crescer e continuarão sendo uma opção importante em 2023 – e além. “Saber que há uma entrega definida ajuda a construir a rotina, além de evitar a fadiga mental da escolha. E, claro, há pesquisas sugerindo que há uma recompensa química: abrir uma caixa libera dopamina, criando um pico instantâneo de satisfação.”
O relatório destaca que o “jet lag social” – termo cunhado pelo neurocientista e professor de cronobiologia Dr. Till Roenneberg para descrever o impacto dos padrões de sono que variam durante o trabalho e o lazer – foi acelerado durante a pandemia. À medida que as fronteiras entre o lazer, o trabalho e os momentos sociais se desintegraram, muitos ficaram exaustos e com problemas de saúde. Isso abre espaço para soluções que ajudem as pessoas a lidarem com estresse, ansiedade, insônia e desconexão. ”
Com informações do Blog NRF
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