Diante do cenário de crise econômica, muitos brasileiros decidiram investir no próprio negócio como fonte de renda. Sobre este assunto, Daniel Funis, VP de América Latina da Farfetch; José Carlos Semenzato, presidente da SMZTO Holding de Franquias; João Kepler, sócio e diretor da Bossa Nova Investimentos, e João Appolinário, fundador da Polishop, realizaram o painel “O Empreendedorismo que transforma o Brasil”, durante o Mega Fórum do LATAM Retail Show. A conversa contou com a mediação de Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&Malls.
A Farfetch é uma empresa que reúne marcas e parceiros de moda de luxo, estando presente em mais de 50 países. “Nosso negócio é bem sucedido porque solucionou um problema de pequenas boutiques, pensando que são empresas familiares, com lojas apenas na Espanha, na Itália, em poucos lugares. Nós demos visibilidade e solução para estes varejistas”, contou Daniel. De acordo com o executivo, a empresa tem um dos sites mais acessados do mundo. 35% das vendas das marcas brasileiras atendidas pela Farfetch são exportadas, assim, a atuação da empresa ajuda estas empresas a crescer.
Kepler compartilhou sua experiência como dono de um e-commerce de ingressos, quando procurou um empréstimo e teve o pedido negado. Ele acreditava que mostrando funcionários uniformizados e carro com nome na porta iria encantar e conseguir o investimento. O problema é que ele não tinha um negócio escalável. Sugeriram que ele tornasse seu site uma plataforma para e-commerce, dando estrutura para os concorrentes. Assim ele fez, reduzindo sua equipe. O negócio deu certo e ele passou a ganhar muito.
Diante da própria dificuldade, ele conheceu o conceito de investidor anjo e viu a dificuldade que os empreendedores têm para conseguir empréstimos. “Entendendo que quem empreende no Brasil, empreende em qualquer lugar, já que as dificuldades são enormes, vi que era preciso investir nos primeiros estágios dos negócios”, contou Kepler. Assim, ele se tornou um investidor anjo.
Semenzato iniciou sua apresentação alertando: “Para empreender é preciso tomar uma dose grande de risco”. Ele também compartilhou sua trajetória, começando por sua infância pobre. “Quando eu tinha 12 anos, minha mãe era dona de casa e decidiu vender coxinha para aumentar a renda. Eu comecei a planejar minha rota de vendas, meu plano de distribuição e fazer viagens com os salgados para vender. Eu vi que o trabalho, gerar renda, trazia coisas boas. Eu fiz minha mãe comprar um fusca”, narrou o executivo.
Ele trabalhou tirando copias aos 14 anos, virou gerente, investiu em cursos e em qualificação. “Aos 22 anos, tive a ideia de criação da Microlins, com todos os insights e cursos”. A empresa foi vendida em 2010 por 220 milhões, mesmo tendo falido em 1994, com o início do Plano Real. Neste período de dificuldades, ele transformou o negócio em franquias, com apenas uma unidade própria. Aos poucos Semenzato conseguiu se recuperar e iniciou o merchandising no Brasil, por meio da doação de produtos para programas de televisão. Em 2011, ele teve a ideia de iniciar a holding SMZTO, negócio que mantém até hoje. De acordo com o empresário, “quem quiser empreender tem que ter muita resiliência para superar os momentos difíceis”.
Appolinário contou que iniciou a Polishop há 20 anos, pensando que o varejo precisava de algo novo. A empresa começou com filmes na televisão, catálogos e só depois lojas físicas. Hoje, a empresa tem uma rede de pessoas que desejam empreender e vendem produtos da Polishop. “Somos focados em benefícios, não em produtos”, explicou o empresário.
O fundador da Polishop afirmou que quer oferecer o melhor para o consumidor. “Eu quero que as nossas lojas sejam um grande parque de diversões.” Ele contou que estava no shopping com o filho e foi proibido de entrar em uma loja porque estava tomando sorvete. O empresário comentou que aquela loja ia fechar, o que de fato aconteceu. E resumiu: “O negócio é oferecer uma experiência diferente para o consumidor”.
* Foto: Terassan Fotografia