Assim como surgiram inseguranças quando a covid-19 apareceu, o cenário que vem pela frente ainda é marcado por incertezas. O comércio pós-pandemia foi um dos assuntos debatidos durante painel do V Fórum Nacional do Comércio, que ocorreu durante os dias 28 e 29 de setembro e foi organizado pela Confederação Nacional de Dirigentes lojistas (CNDL).
Um dos pontos debatidos foi como a chamada Sociedade 5.0 irá se comportar no Brasil. Esse conceito, criado no Japão, parte do princípio de que os talentos humanos precisam não só ser desenvolvidos para acompanhar a transformação tecnológica, como de que as pessoas precisam estar no centro da criação das tecnologias. Marcos Gouvêa de Souza, fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da Mercado&Consumo, pontuou que o caso brasileiro no contexto mundial é muito particular.
Gouvêa destacou a importância de existir uma união do setor empresarial, especialmente em momentos como os que estamos vivendo e nos quais se carece de integrações entre representantes da sociedade, associações e entidades. “Talvez hoje, mais do que nunca, nós precisemos integrar o pensamento empresarial para pensar o Brasil que queremos e não apenas o Brasil que temos”, disse.
“O setor empresarial deveria se mobilizar para buscar a voz que, privilegiada pela visão global e comportamento pragmático, pudesse ajudar a construir um passaporte para o futuro, colocando o Brasil numa perspectiva mais global, levando em consideração tudo que podemos oferecer como nação”, completou Gouvêa.
No começo do mês de agosto, a Mercado&Consumo entrevistou Yoko Ishikura, especialista em Sociedade 5.0. Para conferir a entrevista, clique aqui.
Transformações duradouras
As transformações que surgiram como consequência da pandemia tendem a continuar presentes no comércio do Brasil. A aceleração do e-commerce, os novos meios de pagamentos digitais, a mudança nos habitos de consumo e a introdução do delivery no dia a dia são novos hábitos que se instalaram na sociedade.
“Hoje nós temos uma realidade em que o mundo digital está presente praticamente na vida de todas as pessoas, até as mais simples”, disse o deputado Domingos Sávio, do PSDB de Minas Gerais, que integra frentes parlamentares em defesa do setor. Ele complementou dizendo que é importante que o Congresso esteja atento a essa nova realidade.
Outra mudança importante pontuada por Gouvêa diz respeito ao surgimento dos Ecossistemas de Negócios e, consequentemente, à criação de uma nova realidade dentro do cenário brasileiro. Com esses modelos, que colocam o consumidor no centro de tudo, as empresas conseguem adquirir um grande volume de informações, aperfeiçoando o relacionamento com o consumidor. A partir daí, as organizações passam a ter uma capacidade de expansão de seus negócios.
“Isso talvez seja a essência das mais importantes transformações estruturais que o varejo e o comércio do Brasil estão passando nesse pós-pandemia. Mas isso transcende em muito a questão de mudanças no varejo”, disse. Ele completou afirmando que essa transformação atinge o setor financeiro e a logística.
Por fim, Marcos Gouvêa voltou a ressaltar a importância de as entidades e associações servirem ao setor que representam. “[É importante elas] se envolverem mais com produtos e serviços que facilitem e viabilizem a sobrevivência, o crescimento, a expansão, a profissionalização e a formalização dos setores de varejo e comércio.”
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