Tempos e movimentos: a produtividade precisa ser bem cuidada no PDV

Não é difícil observamos ineficiência e desperdício de tempo no nosso dia a dia. Filas nos caixas de supermercados, consultórios médicos, restaurantes e engarrafamentos de trânsito são alguns exemplos disso.

Desde os primórdios da industrialização em grande escala, em que o Fordismo foi o exemplo inicial, empresas estudam seus processos e perseguem a melhoria de produtividade para economizar recursos e obter mais lucro.

Trataremos neste artigo de uma metodologia para entender melhor processos e melhorar sua produtividade.

O que é um estudo de tempos e movimentos

De forma bem simples, podemos dizer que um estudo de tempos e movimentos tem como finalidade descobrir métodos melhores, mais simples e mais rápidos de executar uma atividade ou tarefa.

Esta definição se aplica a quaisquer processos, desde fazer um cafezinho em casa até desenvolver um software com uma grande equipe de analistas.

A execução desse tipo de estudo contempla inicialmente o mapeamento das atividades que compõem um processo escolhido. Posteriormente, um observador irá medir os tempos para execução de cada uma das atividades, bem como o resultado entregue por ela. Por exemplo, em um processo de abastecimento do PDV por promotores nas lojas, o mapeamento vai desde o recebimento de mercadorias na retaguarda da loja até a precificação dos produtos abastecidos nas gôndolas.

Uma vez concluído este mapeamento, passamos à etapa de análise de dados e cálculo das produtividades relacionadas ao processo. Essa produtividade é expressa considerando a natureza do negócio, a saber: na indústria automobilística, a quantidade de veículos produzidos por hora; na loja, a quantidade de produtos abastecidos nas gôndolas ou geladeiras por hora; no hotel, a quantidade de hóspedes atendidos na recepção por dia.

Inúmeras formas de apuração da produtividade podem ser criadas para melhorar a visão dos resultados entregues por um processo.

Como principais objetivos de um estudo de tempos e movimentos, citamos:

Permitir o entendimento do processo

O mapeamento das atividades, a composição de tempos e a estratificação de todos os dados permitirão uma melhor interpretação do que acontece na prática.

Eliminar o trabalho desnecessário

Uma parte das atividades realizadas num determinado processo não agrega qualquer valor ao resultado final e pode ser inteiramente eliminada., o que reduz o tempo gasto. E tempo é dinheiro.

Simplificar as atividades essenciais

Reavaliando detalhadamente as atividades vitais do processo, podemos encontrar formas de simplificá-las para ganhar tempo e melhorar a produtividade.

Permitir o cálculo da produtividade

Sem dúvida, esse é o maior objetivo de um estudo de tempos e movimentos. Conhecendo a produtividade, poderemos comparar com benchmarks, propor KPIs para monitorar sua evolução e buscar continuamente sua melhoria.

Melhorar resultados

Conhecendo melhor o processo e sua produtividade, temos clareza para agir e aprimorar os resultados, aumentando a produção e as vendas, reduzindo desperdícios e fazendo mais com o mesmo recurso. Financeiramente, podemos concluir que aumentando continuamente a produtividade teremos maiores lucros no negócio.

Como aplicar tempos e movimentos na relação indústria-varejo?

A parceria entre as indústrias e o varejo sempre foi um fator decisivo para o crescimento de vendas e de participação no mercado brasileiro. Em termos práticos, essa parceria se traduz em investimentos cada vez mais relevantes na execução nos pontos de venda (PDVs), facilitando o acesso dos shoppers aos produtos, aumentando sua atratividade, gerando fidelização e, consequentemente, elevando as vendas.

Há vários anos dedico tempo em estudos de tempos e movimentos e suas aplicações nas relações de consumo. Observo que existe uma área comum de interesse entre indústrias de produtos FMCG (giro rápido) e varejistas em que o estudo de tempos e movimentos “cai como uma luva”.

A cultura vigente é entregar para as indústrias de FMCG a responsabilidade pela execução da exposição e o abastecimento contínuo dos produtos dentro das lojas.

Um grande exemplo desta cultura é a relação de grandes fabricantes de produtos de limpeza ou alimentos industrializados com o varejo alimentar representado por grandes bandeiras como Pão de Açúcar, Carrefour, Assaí, Tenda, Atacadão dentre tantos outras.

Milhares de promotores de vendas são fornecidos pelas indústrias para executar o correto abastecimento de gôndolas e geladeiras das grandes redes supermercadistas.

Mas como garantir que estes promotores estão no lugar certo e na hora certa para evitar que ocorram rupturas no abastecimento dos produtos? Como garantir que o tempo que o promotor permanece na loja está adequado ao volume vendido por esta loja?

Pois bem, um estudo de tempos e movimentos permitirá balancear e otimizar o dimensionamento de promotores por loja, aumentar a produtividade, melhorar a execução, reduzir custos de merchandising e consequentemente elevar as vendas.

O importante é que a execução no PDV acompanhe a dinâmica das vendas e atraia cada vez mais clientes para a compra. O promotor é peça-chave nesse objetivo.

É possível realizar projetos completos nessa área em 3 ou 4 meses e entregar resultados significativos tanto para indústrias quanto para varejistas.

Vamos melhorar a produtividade de promotores no PDV?

Natalino Franciscato é gerente de Projetos da Gouvêa Consulting.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Shutterstock

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