Depois da tempestade vem a bonança e o vento soprando a favor do varejo neste semestre

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Depois da tempestade vem a bonança e o vento sopra a favor do varejo neste semestre

Foi um período de tempestade quase perfeita para o varejo. Os problemas específicos e pontuais de algumas redes nacionais espalhando preocupações sistêmicas para quase todo o setor. E mais o quadro econômico balizado pelas altas taxas de juros reais, a elevada inadimplência dos consumidores e apesar de alguma recuperação do emprego, da renda e da massa salarial reais. O resultado foi um ambiente bem complicado.

Tudo isso ainda conjugado com o início de um novo governo, com naturais dificuldades, e mais uma mudança dogmática importante com a visão de que o Estado deve ser maior e mais presente, sendo sustentado pelos impostos pagos pelo setor privado.

Ainda tivemos o cenário global instável e pouco positivo agravando percepções e estimulando a retração de investimentos, sentimento potencializado pela alta remuneração das aplicações de baixo risco num ambiente de altas taxas remunerando o capital ocioso.

Sem falar nas idas e vindas de temas tributários importantes como o que envolveu a discussão da taxação das importações de algumas categorias sem controle adequados, abusando de alternativas heterodoxas e que inundou o mercado com produtos de baixo custo entrando ilegalmente no país e afetando o desempenho da indústria e do varejo formal. E mantidos pela visão míope do apelo popular de curto prazo.

Tudo isso culminou com a geração de um comportamento cauteloso de consumidores ressabiados e com endividamento elevado que evitou novas compras em praticamente todas as categorias de produtos, focando ainda mais no chamado Varejo de Valor, aquele do mais por menos

Uma tempestade quase perfeita, ainda alimentada pelo comportamento ‘joga pedra na Geni’ de veículos de comunicação e alguns analistas mais superficiais e imediatistas em suas conclusões.

Ao que tudo indica o cenário à frente para o varejo sinaliza um período de bonança. Que passa pela redução estrutural da inflação – leia-se preços de produtos, em especial os alimentos – e que permitirá um ciclo sustentável de redução das taxas de juros reais.

Que envolve a redução do desemprego, a melhoria da renda real e, portanto, da massa salarial, bem como a redução do endividamento e da inadimplência, beneficiados ocasionados também pelo programa Desenrola.

Passa pelo redirecionamento de capitais para atividades no mundo real à medida que taxas reais de juros caiam e recursos sejam realocados em projetos que envolvam algum risco, porém com ativação econômica.

É também beneficiado pelo quadro internacional, menos complicado de forma geral pela redução dos danos causados pela inflação nos países mais desenvolvidos, importantes importadores de produtos e comodities produzidos por aqui. Tudo isso apesar das indefinições que envolvem o conflito Rússia-Ucrânia e que afeta muitas outras economias europeias, além da norte-americana e da chinesa.

Considera também os números antecipados do setor Agro, em especial por conta da colheita anunciada e os sucessivos recordes de desempenho.

Envolve também o cenário político mais comportado no plano interno, ainda que a discussão da Reforma Tributária no período ‘agosto-novembro’ possa gerar alguma turbulência. Assim como a rediscussão, inadequada, do que foi aprovado e consagrado na reforma trabalhista.

Por tudo isso o cenário à frente para o varejo, depois da tempestade, sinaliza um período de bonança que deve permitir um nível importante de reativação de negócios, investimentos, abertura de lojas, expansão de canais, modelos de negócios e mais incorporação de serviços, temas fundamentais para os setores que envolvem os maiores geradores de emprego formal e privado no país.

Bom para o varejo, para o comércio e para o consumo. E melhor ainda para o Brasil.

Vale refletir.

Nota: Esses novos e importantes elementos que impactam a transformação do varejo e do consumo também serão apresentados e debatidos com 225 palestrantes para os mais diferentes canais, categorias, formatos e modelos de negócios do varejo e do consumo no Latam Retail Show, que terá como tema central “Back to the Future” e será realizado de 19 a 21 de setembro em São Paulo. Conheça mais clicando aqui.

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

Imagens: Shutterstock

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