Errei. E agora?

Por Benjamin Peres*

Na alucinante rotina de trabalho em que vivemos, o erro é sinônimo de retrabalho, perda de tempo e, principalmente, dinheiro. A cada dia, somos mais exigidos por nossos clientes, e, por consequência, exigimos mais de nós mesmos e de nossas equipes. Precisamos fazer tudo o que precisa ser feito em menos tempo e sem perder a qualidade no trabalho. E como encarar esse cenário sem perder a calma e a saúde?

O ditado já diz: errar é humano, insistir no erro é burrice. É certo que a primeira parte do ditado está correta. Todos nós cometemos erros, em níveis e graus diferentes, mas eles sempre estão presentes em nosso cotidiano. O erro é percebido à luz do que é o correto e só é reconhecível ao compararmos com experiências passadas ou relatos bem sucedidos. Assim, buscamos em nossos trabalhos sempre realizar tarefas certas para atingir o objetivo estipulado. Mas o que destacam alguns e ofuscam outros são as diferentes formas de lidar como erro. Vejamos a seguir algumas de nossas principais (e errôneas) reações ao lidarmos com essa questão:

Pessimista:
Com uma postura destrutiva, desqualifica todo trabalho realizado por ele e sua equipe, gerando uma sensação de frustração e impotência.

Inseguro:
Encara o erro como um atestado de incapacidade de entregar suas tarefas e concentra-se mais em justificar o erro do que propriamente em consertá-lo.

Vítima:
Tudo e todos tiveram culpa, menos ele! Como se estivesse em um julgamento de pena de morte, permanece irredutível e reativo, procurando se defender de toda e qualquer responsabilidade pelo resultado indesejado.

Despercebido:
Procura dar pouca importância para o erro. Escuta compassividade às críticas e sugestões, minimizando o ocorrido, a fim de passar por aquela situação o mais rápido possível.

Vidente:
“Eu já sabia!”. Essa reação se assemelha muito com a pessimista. Por ter anunciado o fracasso com antecedência, se exime da responsabilidade e desqualifica todo trabalho realizado. Conseguiu se identificar com alguma das reações? Lembrou de alguma situação em que assumiu uma dessas posturas? O mais importante que devemos entender e buscar é a capacidade de aprender com os erros. Piaget e Paulo Freire já discutiram muito esse tema e o chamaram de erro construtivo.

O colaborador que erra está convivendo com uma hipótese de trabalho não adequada, mas nem por isso deixa de estar em um processo de aquisição de conhecimento. Cabe ao seu gestor não se limitar apenas à analise do produto final e à correção de seus erros, pois, dessa forma, o trabalho finalizado não garantirá que o colaborador se apropriou daquele conhecimento. Se você ocupa um cargo de gestão, pode ter certeza que o desafio não será fácil.

Se o seu objetivo é desenvolver pessoas, não será chamando a responsabilidade para si e assumindo os erros de sua equipe quando a “chapa esquenta” que você terá sucesso. Da mesma forma que a mãe, ao ver o filho caindo na tentativa de dar seus primeiros passos, deve segurar seu instinto materno de proteção e transmitir segurança pelo olhar, incentivando a criança a levantar e tentar novamente, o gestor deve ter a capacidade de fazer seu colaborador enxergar o erro e encontrar a solução por meio de conversas e questionamentos que o direcionem ao caminho certo. Apenas dessa forma o colaborador terá segurança de assumir suas responsabilidades e se desenvolver. Assim, uma mudança sutil, porém muito significativa, acontecerá na rotina de trabalho de todos envolvidos: eles deixarão de trabalhar para não errar e passarão a trabalhar para acertar. O medo da repreensão pelo erro será substituído pela vontade de superar novos desafios. Poderemos então concluir que errar é humano e aprender com o erro é mais humano ainda!

*Benjamin Peres (benjamin@gsmd.com.br) é gerente de Soluções da GS&Friedman.

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