Um dos temas mais debatidos ao longo da NRF 2023 foi o ESG. O acrônimo faz referência às políticas de sustentabilidade, governança e questões sociais, e permeia todo o mercado hoje. “Essa agenda entrou de maneira definitiva em conselhos de administração e executivos”, disse Carlo Pereira, CEO da Rede Brasil do Pacto Global da ONU.
Pereira participou do Interactive Retail Trends, evento pós-NRF organizado pela Gouvêa Experience em São Paulo nesta terça, 31. O CEO lidera a principal plataforma que reúne o setor empresarial brasileiro com foco em princípios de sustentabilidade e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Durante a palestra, ele abordou a relação do varejo com o Pacto Global e como avançar o ESG além do discurso.
Carlo contextualizou o momento em que estamos vivendo e destacou tópicos discutidos em Davos, no Fórum Econômico Mundial. “Vimos vários reflexos dos últimos anos, e que ainda vão pesar muito. A gente fala de guerra da Ucrânia, da chamada policrise, que engloba clima, alimento e energia, a questão de saúde e desigualdade e empregos no futuro”, cita.
O executivo reforçou a ideia de que as questões ambientais estão muito presentes nas nossas vidas. Diante desse cenário, as empresas passaram a aderir mais à agenda 2030 e aos ODS. “As empresas têm, sim, uma responsabilidade muito grande com relação a tudo que temos hoje no planeta. Não só no impacto negativo, mas, claro, na possibilidade de trazer impacto positivo”, complementa.
Liderança e conselho
Outro tema tratado sobre Pereira no painel foi a liderança. Ele mostrou uma pesquisa sobre o que a população espera dos líderes. O levantamento mostrou que 80% das pessoas, no Brasil e mundo afora, esperam que os líderes atuem e falem sobre temas da sociedade, mesmo que não alinhados ao negócio. “Hoje a liderança empresarial é vista como uma referência para todos os temas da sociedade”, destaca Pereira.
Ao ser questionado sobre conselhos administrativos e executivos que adicionaram uma cadeira dedicada apenas ao ESG, Pereira comentou que o fundamental é discutir o tema. “Independentemente de ter uma cadeira ou não, esse assunto tem que ser tratado dentro dos conselhos. Eu acho que faz diferença ter gente com esse olhar. É uma demanda cada vez maior e temos que ter clareza para não ficarmos atrás nessas agendas”, comenta. E completa: “Os principais temas estão ali nos conselhos.”
Por fim, o CEO ainda ponderou que no Brasil estamos no mesmo nível que a Europa com relação ao tema. “O caminho é entender como as nossas empresas se relacionam com esses temas. O assunto é dinâmico e as exigências da população e dos investidores vão se sofisticando à medida que o assunto fica mais complexo.”
Imagens: Shutterstock e Mercado&Consumo