Este novo vírus certamente vai deixar sequelas no varejo. Um novo consumidor emergirá, mais conectado, sensibilizado, solidário e racional. O confinamento, do qual ainda não sabemos a sua extensão, está de alguma forma impondo condições de vida completamente diferentes para os indivíduos e suas famílias. E isto implica experimentar sentimentos, experiencias e sensações novas, para o bem ou para o mal. Muito do que está sendo vivenciado deverá ser incorporado ao seu estilo de vida e no seu comportamento, ou não.
Os aplicativos de delivery que já apresentavam crescimento significativo nos últimos dois anos, têm agora sua grande chance de consolidação. Compras de supermercados, refeições, farmácias e tudo que você precisa no alcance dos dedos certamente deixarão um legado muito positivo para as empresas do setor. A legião de pessoas que nunca haviam pedido nada por este meio e que tiveram suas primeiras experiencias durante esta fase, é algo que seguramente será incorporado nas suas vidas. Assim como empresas que explorem a questão da hiperconveniência.
Sim, as pessoas vão buscar cada vez mais comprar com o menor dos esforços, utilizando cada vez mais das plataformas digitais. Negócios como as lojas autônomas, sem a presença de atendentes ou caixas dentro de condomínios, academias, estações modais e nos escritórios corporativos tendem a crescer e enraizarem nos hábitos deste novo consumidor.
Neste cenário, o e-commerce também surfará a mesma onda do delivery. O hábito de comprar de tudo pela web fará com que a participação das vendas na plataforma digital se solidifique podendo alcançar números muito maiores. Antes da crise, representava menos de 5% das vendas do varejo brasileiro. Mas estimativas dizem que este percentual pode quase dobrar depois da pandemia. Empresas como Amazon, Mercado Livre, Magazine Luiza e B2W sairão muito mais fortalecidas.
As lojas físicas passarão mais uma vez por uma provação. Lojistas do mundo inteiro sofrem com suas lojas fechadas pois não estavam preparadas para isto. As vendas da páscoa por exemplo. Muitos comerciantes haviam estocados coelhos de pelúcia, ovos de chocolate e colombas e não tem como desová-los. Liquidações com até 40% de desconto antes da páscoa é algo inédito e temos visto acontecendo no e-commerce, nas mídias sociais e até pelo whatsapp. Aqui no hemisfério sul, a coleção outono e inverno já estava chegando nas araras das lojas de moda e agora coloca uma grande incógnita sobre o destino deste estoque. E talvez o maior dos temores, como serão as vendas do Dia das Mães? Para muitos segmentos, a data é a 2ª maior venda anual.
Outra questão preocupante é em relação ao endividamento e a saúde financeira dos lojistas. Vários já estão demitindo ou revendo a quantidade de lojas. Já se fala em fechamento e até na falência de algumas empresas do setor. Importante salientar que o setor de supermercados e as farmácias não foram afetadas pela crise, pelo contrário. Estão até contratando funcionários.
Os shopping centers, assim como as lojas físicas, mais uma vez serão colocados à prova. No momento, a preocupação é em relação a inadimplência. Com a insolvência dos lojistas, de acordo com o andamento da quarentena, a situação financeira pode se agravar, principalmente entre os shoppings menores. E ao longo do ano, com a reabertura, o risco do aumento da vacância, com o fechamento de algumas lojas. Os novos empreendimentos serão fortemente afetados. Alguns projetos devem ser suspensos ou prorrogadas e outros terão suas comercializações seriamente afetadas pelo freio nas expansões varejistas.
Mas, até nesta, que é a maior das crises econômicas dos últimos 60 anos, existem empresários que podem fazer do limão uma limonada. Existem oportunidades que surgirão no pós crise. Façam uma reflexão. Imaginem o que este novo consumidor necessitará. Adaptar o seu negócio ou mesmo partir para um novo segmento ou atividade pode ser fundamental para o seu futuro profissional, da sua empresa e também da sua família. Não se deixe abater.
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