E agora, Brasil?

Por Marcos Gouvêa de Souza*

Na semana que começa no dia 22 de agosto, se não houver novas mudanças, estará sendo julgado o impeachment. Será um momento decisivo na história do País.

Desde quando se decidiu pelo afastamento provisório, inegavelmente o Brasil começou a viver um outro cenário marcado por alguma recuperação do nível de confiança empresarial e, em especial, do próprio consumidor. Mas também com uma clara distensão do ambiente econômico e político, interno e externo, que tem se refletido num crescimento do interesse por projetos futuros.

Na fase anterior era clara uma visão coletiva que tínhamos adiado nosso futuro.

No momento em que se desenha e se conjectura sobre essa nova realidade, a pergunta que está no ar é: “E agora Brasil?”.

O que emerge como resultado desse processo de “endurance” a que foi submetido o País, com dez anos de crescimento anabolizado do consumo seguido da dieta forçada da crise?

Como reagem e reagirão os diferentes segmentos e sub-segmentos do empoderado consumidor-cidadão? Como ficam os que imaginaram ter chegado ao paraíso do consumo e tiveram que voltar para o purgatório? Como ficam os que não tinham chegado, mas imaginaram que estava iminente a chegada e agora vêem o sonho se afastar?

Como ficam aqueles que foram menos afetados diretamente por questões de emprego e renda, mas sofreram todo o impacto da turbulência social, política e econômica?

O que se incorporará como novos hábitos de consumo, em termos de produtos, marcas, lojas e canais desse processo de rápidas mudanças?

Que transformações estruturais permanecerão e que mudanças pontuais ainda ocorrerão no cenário político, social, econômico e de negócios?

Qual o novo ponto de equilíbrio de poderes que emerge do processo que vivenciamos com o resgate do protagonismo e crença no judiciário?

Como fica a imagem, estrutura, poder e governança dos grupos empresariais, alguns deles ícones e sonho de consumo como emprego no passado e agora lutando para resgatar credibilidade e até mesmo sobreviver?

E a imagem, respeitabilidade, comando e capacidade de articulação do Poder Executivo Federal no inevitável e difícil cenário econômico, tendo que administrar escassez de recursos, cortes e contingenciamento, porém, ao mesmo tempo, precisando articular um projeto que inspire credibilidade no médio e longo prazo?

Quais os reflexos do profundo desgaste vivido pelo Congresso em todo esse processo recente, com alguns dos seus membros sendo chamados a responder por atos criminosos e tendo que articular a recomposição de sua respeitabilidade perante a Nação?

Como os empresários dos diversos setores devem rever as perspectivas dos mercados interno e externo e re-ordenarem  seus planos de curto, médio e longo prazo?

O que vai emergir como novos elementos culturais, atitudinais e comportamentais para a população como um todo, e nos seus diversos segmentos, que deva ser considerado no relacionamento das marcas e das empresas com o mercado e a sociedade?

De onde virá um projeto integrado de futuro para o País que possa organizar e alinhar expectativas que estiveram ao sabor da euforia e depressão recentes vividas por todos?

Não há como negar.

São muitas questões sobre as quais refletir e muitas mais para buscarmos referências, informações e inspiração para reposicionarmos absolutamente tudo.

O país que renasce precisa ser outro. Radicalmente diferente do que foi nos anos recentes na maioria dos aspectos, especialmente nos campos ético e moral, mas com o discernimento para perceber que, mesmo no pior cenário, alguns aspectos foram positivos e devem ser preservados.

Como conciliar tudo isso, reinventar-se sobre os pilares que estão ainda firmes e construir um futuro que inspire a todos é a pergunta que todo brasileiro de bom senso deveria se fazer. E agora, Brasil?

Nota. No LATAM Retail Show 2016, de 23 a 25 de agosto, no Expo Center Norte, em São Paulo, será debatido com líderes sociais, executivos, jornalistas, juristas e pesquisadores como o Brasil deve repensar seu presente e futuro para a construção de um país moderno e competitivo.

Será um debate aberto, de acesso gratuito, mediante cadastramento, ao final dos dias 23 e 24 de agosto, às 19h, no Grande Plenário do Salão de Convenções. No dia 23 com o debate “E agora, Brasil?” e no dia 24 com o debate “O Brasil que queremos”. Veja a programação completa do evento e participe: www.latamretailshow.com.br

*Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) é diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza. Siga-o no Twitter: @marcosgouveaGS

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