O impacto das mudanças geracionais e da transformação tecnológica nos modelos de negócios, relacionamento entre as pessoas e na coexistência nas empresas e universidades já são fortemente percebidos nos últimos anos. A crescente demanda por modelos mais flexíveis de trabalho, a grande influência do big data nas tomadas de decisões e a crescente digitalização de organizações inteiras são realidades cotidianas e questões decisivas de sobrevivência para os negócios. E, claro, as pessoas e suas competências individuais continuam a ser imprescindíveis nesse cenário. Concordamos que mesmo com a mecanização e a robotização adotadas há décadas pela indústria, o elemento humano continuou a ser extremamente relevante na tomada de decisões estratégicas, no relacionamento, na liderança e motivação das equipes. No final do dia, os negócios são feitos por e para as pessoas.
Na mesma medida em que máquinas assumem tarefas repetitivas e operacionais, a expectativa em relação ao desempenho das pessoas em atividades estratégicas aumenta, assim como a demanda por profissionais mais preparados para tomar decisões em cenários complexos e voláteis. Paralelamente, crescem as aspirações desses profissionais em relação à qualidade do seu trabalho e às perspectivas de carreira, tornando a gestão de pessoas uma função altamente complexa e estratégica.
O impacto das novas tecnologias vem sendo sentido pelas empresas também na mobilidade de seus times. Mais profissionais, especialmente os mais jovens, estão usando smartphones e aplicativos para trabalhar em diferentes locais, distantes do escritório e, muitas vezes, em outras cidades e diferentes países. Além da preocupação em orientá-los à distância, há um desafio de mantê-los integrados ao ambiente e como parte da organização e seus propósitos.
O Futuro do Trabalho em 7 macro tendências
Que o mundo do trabalho jamais esteve tão interconectado já não se tem mais dúvida. Bilhões de pessoas hoje estão conectadas à internet, dispositivos móveis e tecnologias de comunicação que mudaram a forma com que elas se relacionam. Nas empresas, o impacto dessa conectividade (interna e externa) vem se refletindo nos modelos de negócios, comportamentos, habilidades e na velocidade com que as mudanças acontecem no mundo corporativo em resposta à velocidade com que as mudanças vêm impactando o mundo em geral.
Negócios disruptivos
Uber, Netflix, Airbnb, de tão citados já são cases “antigos”. O ponto aqui não é o modelo de negócio, mas o motivador deles: já se tornaram um elo na nova economia compartilhada. O modelo de negócio que conecta pessoas, serviços e produtos, usando, principalmente, aplicativos e dispositivos móveis, está revolucionando muitos setores e fazendo com que empresas de todos os tamanhos repensem seus posicionamento e suas estratégias. Nesse cenário, startups e empresas inovadoras vêm ganhando vantagens por serem mais ágeis e menos processuais. Elas conseguem atrair jovens talentos, nativos digitais, ao oferecerem oportunidades de colaboração e crescimento junto delas, além do desafio de pensar de forma inovadora e disruptiva novos formatos nesta nova economia.
Robotização
Os robôs já fazem parte do cotidiano de muitas empresas, sobretudo no setor industrial. Profissionais de tecnologia vêm sendo integrados às equipes, antes compostas apenas por engenheiros, e a estes engenheiros cada vez mais são exigidas competências tecnológicas. A novidade aqui é que estes robôs saem das indústrias e vão cada vez mais se “relacionar” com nossos clientes nos atendimentos assistidos, como auxiliares nas compras, no esclarecimento de dúvidas, na medicina, e nas respostas eficientes e precisas nos algoritmos modernos.
Equipes Multidisciplinares
Formar um time de pessoas com capacidades, experiências e backgrounds variados é um diferencial para fortalecer a cultura e potencializar a forma de se trabalhar e criar soluções ágeis para um mercado altamente diversificado. Neste cenário, habilidades comportamentais são as mais demandadas. Comunicação e colaboração são elementos imprescindíveis em um time multidisciplinar, além de confiança e segurança. Muito pode ser observado e aprendido com o driver das startups neste contexto: liberdade para criar, mais abertura ao risco, estruturas mais flexíveis e menos burocráticas, que atraem profissionais com vontade de fazer parte, construir junto, arregaçar as mangas, realizar e ver o resultado de seu trabalho. Trata-se de uma lógica diferente do que se percebe hoje no cenário corporativo de muitas organizações.
Digitalização
A forma de operar o futuro é digital.
A Inteligência Artificial vai realizar grande parte das atividades que envolvem de complexos cálculos à simples resolução de problemas cotidianos. Desta forma, ao indivíduo restarão talvez os elementos mais importantes no trabalho do futuro: a forma de criar relacionamentos e de se relacionar, além do que chamamos “inteligência coletiva”. Todos os negócios e todas as profissões estão identificando novos modelos emergentes em função do impacto da transformação digital em seus modelos ou em seus clientes. E este é um caminho sem volta.
Fluidez do ambiente de trabalho
Os trabalhadores móveis, que passam cada vez menos tempo em suas mesas ou trabalham em home office, outras cidades e até outros países já fazem parte de uma parcela significativa da mão de obra global. A conectividade permite que os profissionais tenham mais qualidade de vida, evitando, por exemplo, grandes deslocamentos ou optando por horários mais flexíveis. Por parte da empresa, não existem mais barreiras de contratação e busca pelos melhores skills em qualquer lugar do mundo. Existe neste cenário uma composição altamente positiva: para os profissionais a possibilidade de mais equilíbrio e para as empresas a entrega de mais eficiência e assertividade.
A economia do conhecimento
A alteração demográfica decorrente da fluidez no ambiente de trabalho cria uma mudança significativa nos níveis de habilidade e conhecimento necessários para se conseguir e manter um emprego na economia global. Não existem mais barreiras também para buscar competências e habilidades. Nos próximos cinco a dez anos, um número cada vez maior de posições exigirá um conjunto ainda mais complexo de habilidades interdisciplinares. Há uma exigência de aumento da força tácita de trabalho que se sobrepõe à força transacional. São os trabalhadores do conhecimento, mais preparados, em substituição aos postos de trabalho operacionais que passam a ser executados por máquinas e robôs.
Modelos flexíveis de trabalho
O trabalho do futuro compreende a diversidade das empresas e dos estilos de vida dos profissionais. O contrato de tempo integral dá cada vez mais espaço aos modelos mais flexíveis de terceirização, serviços temporários, consultorias e contratações por demanda ou por competências. As empresas tornam-se mais eficientes, assertivas nas características necessárias a cada projeto e entrega, além de diminuírem o tempo de resposta às demandas dos mercados. Os profissionais ganham em qualidade de vida e, por consequência, motivação em modelos de trabalho que permitam usar o tempo e as características mais fortes que eles possuem. Estamos falando de uma revolução na eficiência do trabalho.
Neste ambiente, os profissionais do futuro devem combinar familiaridade com as inovações tecnológicas, habilidades comportamentais e ampla capacidade analítica – de dados e contextos. Os trabalhos operacionais e repetitivos que exigem tarefas simples serão os mais ameaçados pelas novas tecnologias (e certamente aqueles com maiores chances de desaparecimento nos próximos anos). Há duas tendências que se mantêm fortes em relação às profissões neste futuro do trabalho: as high tech com alta especialização e impacto tecnológico, e as profissões de high touch, aquelas de alto impacto humano. Sendo esta última um grande diferenciador.
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