Com o custo Brasil estimado em R$ 1,7 trilhão, segundo estudo realizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a indústria brasileira tem dificuldade em competir com outros mercados em escala e domínio tecnológico. Como resultado, nos últimos 5 anos, enquanto o PIB brasileiro cresceu 15%, a indústria ficou zerada.
Um dos caminhos para a indústria se reinventar e buscar oportunidades para voltar a ser competitiva é aproveitar a pauta de transição energética, cada vez mais discutida em todo o mundo.
“O Brasil tem uma grande oportunidade nesse cenário e estou muito otimista. Pensando em indústria, fazia tempo que eu não via uma oportunidade tão boa. Temos uma oportunidade colocada na mesa”, afirma Paulo Gala, professor de economia na FGV-SP e economista-chefe do Banco Master, durante o evento “Utalks: O futuro da indústria e a transição energética”, realizado em 26 de outubro, em São Paulo, em parceria entre a Mercado&Consumo e a Ultragaz.
Para Zeina Latif, sócia-diretora da Gibraltar Consulting, apesar de a indústria ser um setor bastante heterogêneo, com empresas modernas e taxas de investimento elevadas, enquanto outras estão muito defasadas tecnicamente, o momento é de confiança. “Temos conseguido passar por alguns testes importantes. Existe capacidade do setor privado de dar esse salto e exportar o nosso know-how, da mesma forma que já fomos destaque com o etanol”, afirma.
Gala destaca que o País deve aproveitar a oportunidade da agenda ambiental para transformá-la em desenvolvimento econômico.
“Não são todos os países que têm essa oportunidade. O Brasil é abençoado em todos os sentidos. Temos grandes reservas de petróleo, gás, mineração, agro, cana, etanol, hidrogênio verde, eólico, hidrelétrica. É uma opção para o Brasil conciliar as duas agendas, a de sustentabilidade com a de indústria e inovação”, diz.
Papel do setor privado
Zeina reforça que o setor privado tem um importante papel de garantir bons projetos e que, no começo, a transição energética pode representar perdas. “Os cenários diferentes têm implicações na transição energética, que precisa ser liderada pelas empresas que estão mais bem posicionadas porque, em um primeiro momento, a transição significa custos e talvez perda de produtividade”, analisa.
“Temos bons projetos que se associam à transição energética, como a economia circular, o gás e o biometano. Temos uma oportunidade, por meio da transição energética, de tentar ser um país sobressalente para que a indústria se torne competitiva. São caminhos que se abrem para o Brasil”, afirma Daniel Baring, diretor de Empresarial da Ultragaz.
O executivo considera a eficiência e a inovação temas centrais para o desenvolvimento da indústria. “A produtividade é a grande questão da indústria. A Ultragaz é uma indústria também e aposta muito em soluções inovadoras e eficientes no seu dia a dia”, diz.
Como exemplo, o trabalho feito pela Ultragaz no setor de agronegócio, que tem um déficit de armazenagem e precisa de energia para a secagem dos grãos. “O agronegócio é um dos setores que crescem, mas também tem pontos de atenção em relação à infraestrutura: o grão precisa estar seco para poder armazenar A Ultragaz leva essa aplicação para o cliente de agronegócio, contribuindo com a produtividade eficiência do negócio e um processo mais limpo”.
Gala pontua que o caminho para a indústria brasileira se reinventar é buscar nichos. “Acho que a grande oportunidade para o Brasil e a indústria brasileira está na transição energética e ambiental. Temos a produção industrial mais limpa do mundo, baseada em hidrelétrica, eólica e fotovoltaica. Temos a grande descoberta do gás do pré-sal e o chamado pré-sal caipira, que é o biometano. Isso coloca o Brasil numa posição muito privilegiada”, finaliza.
Com informações de Mercado&Consumo Media Labs.
Imagem: Mercado&Consumo