Uma empresa que cresceu em média 10% nos últimos cinco anos e não é ligada a tecnologia, pelo contrário, está atrelada a um mercado totalmente analógico: o livro impresso. Essa é a realidade da Livraria Leitura, que em 2020 deve se tornar a maior rede de livrarias físicas do Brasil com 79 unidades.
A última loja inaugurada, a 73ª, foi a do shopping Ibirapuera, zona Sul da capital paulista, no dia 30 de janeiro. Com isso, a Leitura igualou a quantidade de lojas da Saraiva, que antes tinha o maior número de livrarias físicas no território nacional.
No primeiro semestre de 2020, a Leitura ainda vai abrir unidades em Juiz de Fora (MG), Serra (ES), no shopping Santana Parque, zona Norte da cidade de São Paulo e uma mega store no Parkshopping, em Brasília.
“São cinco lojas no primeiro semestre e pelo menos mais duas no segundo, totalizando sete novas lojas. O investimento, não é possível dizer com exatidão porque estamos avaliando o tamanho das lojas do segundo semestre, mas está próximo de R$ 10 milhões. Só na mega store de Brasília, que terá cerca de mil metros quadrados, são R$ 3,5 milhões”, explica o presidente da Leitura, Marcus Teles.
Para Marcus Teles, o setor livreiro não enfrenta um problema estrutural e sim os efeitos de uma crise econômica vivida pelo País.
“Houve uma queda de faturamento nos anos de crise, entre 2015 e 2017, junto com o restante da economia, mas no fim de 2019 já percebemos uma retomada. Ela só não conseguiu superar a retração do início do ano, por isso (o setor livreiro) fechou em queda. Acredito, porém, que as pessoas estão lendo mais”, avalia Teles.
Segundo pesquisa da Associação Nacional das Livrarias (ANL) e da GfK, o setor fechou 2019 com uma queda de faturamento de 7% frente o ano anterior.
Porém, a pesquisa salienta que no início do ano passado o faturamento amargou um recuo de cerca de 20% nas vendas, que foi diminuindo ao longo do ano. O auge da retomada, de acordo com a análise da GfK, se deu em dezembro de 2019, quando houve crescimento de 11,4% em unidades vendidas e 7,7% em faturamento na comparação com o mesmo período de 2018.
A situação de algumas redes de livrarias, como a Saraiva e a Cultura, que estão em recuperação judicial, não reflete um problema comum a todo o setor livreiro na avaliação de Teles. Mas ele pondera que a guerra de preços com as lojas virtuais pode ter sido um dos fatores que gerou a situação.
“Tem um problema. Na internet se vende, muitas vezes, como margem negativa , no prejuízo, para ganhar mercado. As vezes, um frete grátis já leva a margem toda de um livro. O que aconteceu com essas empresas é que elas entraram nessa guerra de preço, se endividaram e veio a crise. Com dívida e crise econômica, fica difícil mesmo”, aponta.
“A Leitura não entrou nessa guerra. Tanto que a nossa loja virtual ficou fechada cerca de quatro anos. Focamos nas lojas físicas, e voltamos a vender na internet em agosto do ano passado. E nosso objetivo é oferecer mais serviços, curadoria, o cliente pode comprar pelo site, buscar na loja e não pagar frete”, explica Teles.
Segundo Marcus Teles, a Leitura “se preparou para a crise”. Entre as ações tomadas pela empresa principalmente entre 2015 e 2019, Teles cita não ter se endividado, fechar lojas deficitárias, pelo menos uma por ano, e regionalizar, buscando cidades com poucas livrarias principalmente nas regiões Norte e Nordeste do País.
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