A pesquisa Consumo nos Lares Brasileiros, da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apontou crescimento de 6,96% de fevereiro para março e de 2,48% no primeiro trimestre sobre 2024. Os índices são deflacionados pelo IPCA-IBGE.
O resultado mostra recuperação em relação ao mês anterior, quando o consumo havia caído 4,25% ante janeiro. A entidade cita como parte da causa da performance positiva os “estímulos econômicos” proporcionados pela liberação escalonada do saque-aniversário do FGTS e pelo programa Pé de Meia, direcionado a estudantes do Ensino Médio.
“Os fluxos regulares de transferência de renda contribuíram para sustentar o consumo no período”, disse a associação, citando ainda Bolsa Família, pagamento do PIS/Pasep e liberação, pelo Conselho da Justiça Federal (CJF), de R$ 2,8 bilhões em Requisições de Pequeno Valor (RPVs) do INSS – 225 mil beneficiários.
Mercado de trabalho aquecido
A depender das injeções federais, o consumo nos supermercados continuará anabolizado. Nesta sexta-feira (2) será pago reajuste aos servidores federais. O governo também autorizou a antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas.
O vice-presidente de Relações Institucionais e Administrativo da Abras, Marcio Milan, afirmou à publicação SuperHiper, da entidade, que “a partir de março o comportamento do consumo passou a se diferenciar do padrão observado no bimestre anterior, quando a renda esteve mais comprometida com despesas típicas de início de ano”.
Segundo a Abras, também colaborou para o crescimento a continuidade do mercado de trabalho aquecido. Na quarta-feira (30), o IBGE informou que a taxa de desemprego foi de 7% no trimestre encerrado em março. Embora tenha subido levemente em relação ao trimestre encerrado em fevereiro (6,8%), foi a menor para o período na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
Queda de preços de itens básicos
O País tem 7,7 milhões de desempregados, 10,5% a menos em um ano (menos 909 mil). Já o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho, divulgado no mesmo dia, registrou saldo positivo de 71,6 mil vagas com carteira em março e 654,5 mil no trimestre.
Na equação, há um terceiro componente, além de estímulos do governo e do mercado de trabalho aquecido: a queda de preços de alguns itens básicos.
Segundo dados coletados pela entidade, o corte do traseiro bovino caiu 1,86% no trimestre e o do dianteiro, 1,28%. Esses mesmos cortes tiveram altas de 25,25% e 20,05%, respectivamente, no ano passado, “em razão das queimadas, do aumento das exportações e da maior demanda interna”. Outros produtos em queda de janeiro a março foram batata (-14,77%), óleo de soja (-4,77%), feijão (-3,93%) e arroz (-3,91%).
Entre as altas, tomate (52,90%), ovos (31,70%), café torrado e moído (30,04%) e cebola (11,51%), além dos produtos de limpeza monitorados pela entidade: desinfetante e água sanitária (2,04%), detergente líquido para louças (2,01%) e sabão em pó (1,42%).
O valor da cesta básica da Abras, que inclui 35 produtos, fechou o trimestre em R$ 812,54 (+2,26%). No IPCA de março, que teve alta de 0,56%, o grupo Alimentação e Bebidas cresceu mais que o dobro (1,17%). O IPCA e o INPC de abril serão divulgados na sexta-feira (9).
Com informações de Agência DC News (Vitor Nuzzi).
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