Por Marcos Gouvêa de Souza*
Em setembro deste ano, a massa salarial real apresentou queda de R$ 2,5 bilhões em relação ao mesmo mês de 2013, por conta da queda do emprego e dos salários. Em janeiro deste ano, tivemos 4,3% de desemprego e atingimos agora, nove meses depois, 7,6% – mesmo índice de 2008.
O saldo da carteira de crédito de pessoas físicas, que cresceu 31% entre 2014 e 2012 e 13% entre 2014 e 2013, cresceu apenas 5,2% entre janeiro e setembro deste ano, sinalizando as dificuldades de acesso ao crédito e também resultado das altas taxas de juros cobradas e uma política extremamente cautelosa de análise e concessão de crédito.
O endividamento total das famílias está supreendentemente estabilizado, com tendência à queda no índice, quando expurgada a parcela imobiliária.
O mais preocupante indicador atual é o Índice de Confiança do Consumidor que, calculado a partir de setembro de 2005, quando foi estabelecida a base 100, nestes meses de 2015, tem atingido seguidos e sucessivos picos de baixa, estando agora em 75,7 – média composta pelas expectativas futuras de 81,1 e as de curto prazo, incríveis 65,7. Estamos muito perto do fundo do poço na confiança do consumidor.
Tudo isso num quadro onde Governo Federal e Congresso esgrimam de forma inconsequente, de pirraça em pirraça, acusação em acusação, enquanto o País agoniza.
Esse cenário adverso, em praticamente todos os seus indicadores determinantes do comportamento de compras e a propensão ao consumo, sinaliza o pior Natal da década, sem praticamente nenhuma possibilidade de reversão.
O vácuo de liderança que se criou na esfera federal, com a omissão do setor empresarial, criou o quadro que mantém o País sem rumo e sem proposta, enquanto se discute a quem cabe a maior parcela de culpa.
Nesse período, empregos minguam, famílias são colocadas em situação de penúria, conquistas sociais são perdidas, a economia esfria e a desesperança toma conta da sociedade. E em Brasília se discute quem tem o maior cacife para bancar o próximo blefe.
O todo desse cenário político-econômico, conjugado com um Black Friday ainda mais promocional e que vai antecipar as vendas de Natal e mais a expectativa de liquidações para queimar saldos de estoque, depois do final do ano, não deixam dúvidas: será um Natal para se esquecer.
Se no passado, em outros momentos recessivos, podíamos falar de um Natal bem brasileiro, de muita festa com pouco dinheiro, neste ano, ao que tudo indica, nem motivo para festas teremos.
*Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) é diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza. Siga-o no Twitter: @marcosgouveaGS