As fusões e aquisições no varejo caíram 41% em 2020, na comparação com 2019. Em números absolutos, a queda foi de 17 para dez operações desse tipo no setor considerando os períodos citados. Os dados são de uma pesquisa feita pela KPMG com 43 setores da economia brasileira.
As transações contemplam apenas aquisições realizadas no varejo tradicional. As aquisições de caráter digital foram contempladas na pesquisa como pertencendo à categoria “empresas de internet”.
“Analisando os resultados, vemos que houve uma mudança no tipo de transação que vem sendo praticada. Antes, observávamos fusões no setor que tinham por objetivo expandir os negócios da empresa, obtendo sinergias operacionais, ganhos de escala e aumento de market share”, afirma o sócio-líder de Consumo e Varejo da KPMG no Brasil e na América do Sul, Fernando Gambôa.
Ele complementa: “Nesta nova fase, vemos aquisições com finalidades mais estratégicas, com empresas mais estruturadas do ponto de vista de governança corporativa e caixa buscando capacidades específicas para crescimento ou soluções complementares aos seus negócios atuais. Esta busca é mais cirúrgica, voltada para sustentabilidade e busca por maior rentabilidade, que contribuam com a empresa na execução de sua estratégia de longo prazo.”
De acordo com o levantamento da KPMG, os dez setores com os maiores números absolutos de fusões e aquisições em 2020 no Brasil foram os seguintes: empresas de internet (314), tecnologia da informação (168), outros (57), companhias energéticas (56), hospitais e laboratórios de análises clínicas (55), serviços para empresas (54), imobiliário (54), instituições financeiras (52), alimentos, bebidas e fumo (40) e educação (27).
Segundo ano com mais transações
Os dados revelam, ainda, que foram realizadas 1.117 fusões e aquisições no Brasil em 2020 no total. O número representa queda de 7,9% em comparação com 2019, quando 1.231 operações assim foram realizadas. Mesmo diante da diminuição, foi o segundo exercício com mais transações do gênero nos últimos 20 anos.
Um dos fatores que contribuíram para os resultados serem menores do que em 2019 está relacionado à queda de 28% das aquisições feitas por empresas estrangeiras, que totalizaram 320 em 2020, ante 449 no ano anterior. Entretanto, ocorreu pequeno aumento de 2% nas operações domésticas, que passaram de 782 para 797. Trata-se do quarto recorde consecutivo de negócios deste tipo.
“Esse é um resultado bastante relevante quando consideramos todo o contexto econômico mundial, fortemente impactado pela pandemia que atingiu significativamente grande parte dos setores que normalmente protagonizam este tipo de transação. Devido à pandemia, as empresas estrangeiras reduziram seu volume de aquisições no Brasil, uma vez que estas passaram a focar em seus principais mercados e em estratégias de curto e médio prazo para superar este momento desafiador”, afirma o sócio-líder da área de fusões e aquisições da KPMG no Brasil, Luis Motta.
Da mesma forma, segumno ele, as empresas e os investidores brasileiros direcionaram seus esforços para as oportunidades locais, principalmente aquelas com componentes tecnológicos e de inovação, para atuarem dentro da nova realidade imposta pela pandemia.
O terceiro trimestre de 2020 foi o período com o maior volume de transações domésticas em todos os tempos, com 239 operações do tipo. O acumulado do segundo semestre de 2020, com 603 fusões e aquisições, foi 17% superior quando consideradas as 514 transações ocorridas no primeiro semestre.
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