A Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) realizou, em conjunto com a KPMG, um estudo sobre os desafios da cadeia de abastecimento do setor de bebidas alcoólicas. A pesquisa mostra que a maior principal preocupação é com relação à escassez de vasilhames de vidro. O vidro é o principal insumo para o setor, representando mais de 90% das embalagens para categorias como vinhos, cervejas, cachaças e destilados.
Apesar do crescimento de 12% no volume de vendas de bebidas alcoólicas nos anos de 2020 e 2021, a produção de vasilhames caiu 5% em 2020, de acordo com o IBGE, saindo de 7.708 milhões, em 2019, para 7.311 milhões de garrafas de vidro produzidas no Brasil, em 2020. O setor se viu, então, pressionado pelo desabastecimento no País.
Para os próximos três anos, os fornecedores pretendem investir na produção a fim de suprir a demanda e acompanhar o crescimento da indústria de bebidas. A estimativa é de que, em 2025, a produção brasileira de vasilhames chegue a quase 9.500 milhões, um crescimento de 22,5% quando comparado a 2019. Porém, a Abrabe e a KPMG alertam para a possibilidade da falta de vasilhame após o ano de 2025.
“Os indicadores inéditos que trazemos junto com a KPMG mostram questões importantes e podem servir como um ponto de partida para que empresas e instituições do setor encontrem soluções inovadoras e eficazes para enfrentar os desafios atuais e futuros”, pontua Cristiane Foja, presidente-executiva da Abrabe.
Outros desafios
Além do risco de faltarem garrafas de vidro, o aumento de custos de insumos agrícolas e o prazo de entregas de equipamentos também foram apontados por vários players do setor de bebidas como desafios a serem superados nos próximos anos.
O estudo destaca a grande dependência do setor de insumos e maquinário importado e traz para os holofotes a complexidade logística internacional combinada com a burocracia nos processos aduaneiros.
“A superação de desafios na cadeia de suprimentos requer uma abordagem estratégica e proativa, com a adoção de medidas preventivas e o uso de tecnologias para melhorar a eficiência e a resiliência da cadeia de abastecimento. Por isso, em conjunto com todas as nossas 36 associadas, trabalhamos para melhorar a reutilização de insumos e minimizar os riscos de um desabastecimento”, diz Foja.
“Por um lado, o mercado de bebidas alcoólicas cresce mundialmente e está em plena transformação nos hábitos de consumo; por outro, a indústria encontra desafios complexos como a falta de insumos e vasilhames, inflação alta, crises climáticas e aumentos expressivos de estoques e custos logísticos. O planejamento em longo prazo e o pensamento inovador e tecnológico são requisitos essenciais para o setor continuar crescendo de maneira sustentável”, analisa a sócia de Estratégia da KPMG, Thais Balbi.
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