O varejo brasileiro registra perdas de R$ 4 milhões por hora, todos os dias do ano, decorrentes de quebras operacionais, perdas não identificadas, incidentes e prejuízos financeiros. Os dados são da Pesquisa Abrappe de Perdas no Varejo Brasileiro, realizada pela Associação Brasileira de Prevenção de Perdas (Abrappe) em parceria com a KPMG, que aponta que o volume de perdas representa 1,57% sobre as vendas líquidas do varejo restrito ao longo de 2023, que superaram os R$ 2,2 trilhões. O percentual é o maior da série, desde 2015.
O levantamento mostra que, no ano passado, as perdas somaram cerca de R$ 35 bilhões, e, em 2022, R$ 31,7 bilhões. Se o percentual crescer em 2024 como cresceu em 2023, o volume total passará dos R$ 38 bilhões, chegando a R$ 4,4 milhões a cada 60 minutos.
“O empresário muitas vezes arrisca, comprando grandes quantidades de produtos com expectativa de vendas que não se concretizam”, afirma Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe.
A Abrappe destaca que esse crescimento foi impulsionado pelas mudanças pós-pandemia, que forçaram o varejo a se adaptar para manter suas operações. Fatores como a adoção acelerada do e-commerce, redução do quadro de funcionários e alterações no comportamento de consumo resultaram em um aumento de erros, incidentes e furtos, evidenciando a necessidade de uma gestão mais eficiente de estoques.
Entre os segmentos mais afetados, os líderes são:
- Lojas de conveniência: 3,86% de perdas
- Mercado de vizinhança: 3,31%
- Supermercado: 2,50%
- Perfumarias: 2,33%
- Hipermercado: 2,03%
- Moda: 1,87%
Todos os seis ficaram acima da média do varejo, de 1,57% de perdas. Na parte de baixo da média ficaram os seguintes oito segmentos:
- Construção/lar: 1,41%
- Magazine regional: 1,36%
- Magazine nacional: 1,30%
- Atacado/atacarejos: 1,25%
- Artigos de esporte: 0,96%
- Calçados: 0,90%
- Drogarias: 0,90%
- Eletromóveis/informática: 0,17%
Perdas conhecidas e desconhecidas
Para o presidente da Abrappe, as perdas no varejo podem ser classificadas em dois grupos: as perdas conhecidas, como quebras operacionais (incluindo perdas administrativas, financeiras e de produtividade), e as perdas desconhecidas, que ocorrem sem o conhecimento imediato da empresa, como se fossem invisíveis. Estas estão geralmente relacionadas a furtos não detectados, erros de registro ou contagens inadequadas de estoque.
Em sua pesquisa, a Abrappe diz que “é fundamental que as varejistas repensem e otimizem suas cadeias de suprimentos, dado o impacto das perdas por vencimento.”
Em 2023, as quebras operacionais foram responsáveis por 42,9% das perdas, seguidas por furtos externos (21,9%) e furtos internos (9,8%). Nas perdas operacionais, que acontecem principalmente no varejo alimentício, 32,2% foram causadas pela perecibilidade dos produtos e 26,3% por vencimento. Essas perdas afetam diretamente a competitividade, reduzindo os lucros e, consequentemente, elevando os preços para o consumidor”, acrescenta Santos.
A Abrappe recomenda uma análise criteriosa das perdas por furtos, sugerindo melhorias na segurança, no treinamento e até a adoção de bonificações por metas para os colaboradores como estratégias eficazes de redução. Entre as varejistas entrevistadas em 2023 pela pesquisa, a quase totalidade (95,9%) já mantinha áreas dedicadas à prevenção de perdas. No entanto, Santos destaca a necessidade de ampliar os investimentos nesse setor e de contratar profissionais focados exclusivamente em prevenção, para melhor gestão de estoque e controle de furtos.
A pesquisa mostra que 90,4% dos profissionais dessa área atuam em lojas, 6,7% em centros de distribuição e 2,9% na matriz.
Com informações de DC News.
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