Mais lições da NRF 2024: ética como força motriz da Inteligência Artificial e a atitude das lideranças na transformação dos negócios e da sociedade

A NRF promove um ambiente de discussão de novas tendências e direções que impactam o varejo e o consumo. Mas, também, de encantamento para nós, líderes brasileiros, pois podemos nos sentir próximos de profissionais que representam grandes empresas e que, a partir da sua visão e liderança, tornam concretos movimentos admiráveis.

Como membro do time de mentores convidados pela Gouvêa Experience, cuja minha responsabilidade no evento é cobrir tudo o que envolve ESG – Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança) – de vez em quando, eu gostaria que houvesse um L de leadership (liderança) integrado de forma obrigatória à sigla -, divido aqui os meus aprendizados.

Pessoalmente, como método, eu registro tudo o que é técnico e invisto um percentual do tempo olhando aquela liderança como pessoa. A atitude, a forma, o conjunto das mensagens trazidas, a abordagem e se isso me leva a acreditar mais ou menos naquela empresa, me conectar com as mensagens e reforçar que todos os processos e tecnologias suportam o sucesso das pessoas. Inclusive, pesquiso balanços, mídias e site para complementar a visão.

No meu artigo anterior, falei sobre sustentabilidade, então, gostaria de começar falando sobre governança. Dentre tudo o que abarca esse tema e, buscando criar um paralelo com a Inteligência Artificial, que se tornou a potencial resposta para entregar escala em eficiência operacional e vendas nas empresas, destaco essa notícia publicada em 05 de fevereiro, que traz exatamente o ponto que eu gostaria de aprofundar.

Ética versus Inteligência Artificial. Um algoritmo processa dados, gera um resultado e finaliza sua tarefa. Já a inteligência artificial é capaz de aprender a realizar uma tarefa e construir o seu algoritmo. Porém, o start do processo de programação da IA vem do ser humano. E a observação e validação sobre o que está sendo desenhado como processo de decisão também dependem de nós.

Por exemplo, usar a Inteligência Artificial para excluir pessoas de processos seletivos por terem um conjunto de características que uma determinada empresa possui é um modelo agressivo de exclusão, invisível e incontrolável por quem está em busca de um emprego.

Tomar a decisão que determinada pergunta do cliente indica fraude pode ser outro grande problema, pois a Inteligência Artificial não tem empatia. Enfim, tem muita coisa boa, mas ainda tem muito trabalho pela frente, talvez até uma jornada de transparência da Inteligência Artificial aplicada às empresas.

A imagem com o título “Desafio das lideranças” ilustra o resumo de uma pesquisa realizada com mais de 13 mil CEOs, homens e mulheres de mais de 24 diferentes segmentos, cobrindo os macromercados mundiais. Fato é que os líderes que hoje estão à frente das empresas, sabem o que é importante, mas ainda se sentem pouco preparados para isso.

Então, paramos o movimento pró-Inteligência Artificial? De forma alguma. A visão é de aceleramos a preparação das lideranças e dos times para que a ética seja mais do que um ponto dentro de uma sigla. Mas uma verdadeira atitude com a nossa sociedade.

Avançando agora para o âmbito do S, de social, é importante lembrar que evoluímos do conceito de costumer centricity para o client obsession e chegamos agora ao human obsession. Ou seja, sermos empresas, líderes e times realmente apaixonados por pessoas: comunidade, parceiros de negócios, funcionários e clientes, construindo pontes cada vez mais verdadeiras.

A Dick´s, eleita varejista do ano, uma empresa familiar, diz tratar seus funcionários como família. A Amazon tem em suas paredes estampado o texto “consumer obsession” (apaixonados/obsessivos por clientes) e, em todas as interações, eles reforçam como se comprometem a evoluir continuamente a experiência do cliente.

Magic Johnson Enterprises, a holding do ex-jogador de basquete Magic Johnson, diz atuar fortemente para apoiar jovens afro-americanos a terem mais oportunidades, reduzindo a disparidade de acesso em relação a jovens brancos.

Muito bom, mas ainda insuficiente. Vamos seguir fazendo mais porque a construção do futuro realmente depende de atitude.

Um abraço e até breve

Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Shutterstock

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