Após dois anos de espera, os pagamentos para empresas via WhatsApp foram liberados pelo Banco Central nesta quinta-feira, 2, o que pode impulsionar a ferramenta da plataforma da Meta. As transferências entre pessoas através do aplicativo não ganharam a escala que se esperava inicialmente, mas a indústria acredita que com a liberação do pagamento de compras, isso pode finalmente acontecer.
O antigo WhatsApp Pay, hoje chamado de Pagamentos no WhatsApp, foi liberado pelo BC em março de 2021, mas não chegou a ganhar a escala inicialmente imaginada. Nas transferências entre pessoas, o Pix, capitaneado pelo próprio BC e lançado em novembro de 2020, foi a ferramenta que avançou de modo mais rápido. Entretanto, nos pagamentos no varejo físico, o Pix ainda tem menor participação.
A desvantagem do sistema é a utilização complicada, com uma série de etapas que os pagamentos com cartões dispensam, como a autenticação no aplicativo do banco. Pagar com cartões ainda é mais fácil, e a solução do WhatsApp tende a repetir essa facilidade. “Tem espaço para todo mundo. O Pix cresceu muito em alguns segmentos: remessa entre pessoas, substituição de boletos”, disse ao Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o presidente da Mastercard no Brasil, Marcelo Tangioni.
“Não tivemos necessariamente a ubiquidade que gostaríamos de ter no começo, porque acreditamos que essa funcionalidade do pagamento para empresas traz esse ponto que todos almejavam”, afirmou ele sobre as transferências entre pessoas através do aplicativo. Agora, acrescentou, uma modalidade deve estimular o uso da outra.
Os pagamentos no WhatsApp são feitos através do cadastro de um cartão pelo usuário. A partir dele é que os envios de dinheiro são feitos, ao menos no esquema de transferências entre pessoas, operacional desde 2021. A modalidade para empresas aceitará crédito, débito e pré-pagos.
Neste sentido, pode ajudar inclusive ao cartão de débito, visto por especialistas como a “próxima vítima” do Pix. No ano passado, as transações com débito subiram 7,4%, enquanto o setor de cartões teve alta de 24,6%, puxado pelas outras duas modalidades. A indústria prepara mudanças para deixar o débito mais atraente no varejo online, em uma tentativa de impulsioná-lo.
“É o débito sem senha, pensando em transações de curto valor, e o click to pay”, disse o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Rogério Panca, em coletiva de imprensa no dia 16 de fevereiro.
Adesões
O projeto do WhatsApp envolve pesos-pesados do setor. O aplicativo de mensagens fez testes com as três maiores adquirentes do País, Cielo, Rede e Getnet, além do Mercado Pago e da Fiserv, para o processamento das transações. Além disso, as bandeiras Visa e Mastercard serão as responsáveis pelos arranjos. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, bancos como Itaú Unibanco, Santander, Inter, BTG e Sicredi estão habilitados, entre outros.
“Construímos uma plataforma aberta com a participação de vários adquirentes brasileiros para assegurar o acesso do maior número possível de empresas e pessoas ao serviço”, disse o chefe do WhatsApp na América Latina, Guilherme Horn, em uma rede social. Segundo ele, o maior impacto deve ser para pequenas e médias empresas, que já utilizam a plataforma para vender produtos.
A Visa informou, em nota, ter recebido a aprovação do sistema com entusiasmo. “A Visa acredita no potencial da solução como impulsionador da inclusão, da digitalização e do desenvolvimento de milhares de micro, pequenas e médias empresas brasileiras e está trabalhando no lançamento do serviço junto com a Meta e credenciadores participantes.”
Não há uma data para que o lançamento aconteça. O BC informou que as bandeiras têm de comunicar aos participantes de seus arranjos o início da operação com pelo menos 30 dias de antecedência, o que permite estimar que o sistema não entrará em funcionamento em março.
Com informações de Estadão Conteúdo (Matheus Piovesana)
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