A procura por crédito por parte dos varejistas junto ao atacado cresceu 2,38% entre janeiro e dezembro de 2017, em relação ao mesmo período do ano anterior, aponta pesquisa realizada pela Serasa Experian. Em 2016, na comparação com 2015, o setor atacadista havia enfrentado recuo de 13,79% na demanda, representada pela procura de crédito feita pelos varejistas brasileiros.
Para o diretor da Serasa Experian, Marcelo Leal, diante da retração geral da demanda empresarial por crédito, ainda decorrente do desempenho da economia – com vendas e produção estagnadas e consequente diminuição na necessidade de capital de giro para a produção – os números captados pelo atacado podem ser comemorados. “O crescimento da demanda do setor sinaliza que a necessidade de abastecimento do varejo, principal cliente do atacado, está sendo retomada, com expectativa de melhoria no faturamento, volume e rentabilidade dos agentes de distribuição”, diz Leal.
Entre as regiões do país, a centro-oeste foi a que mais evidenciou a busca por crédito do varejo, com crescimento de 21,62% em 2017, em relação a 2016. Na comparação entre 2016 e 2015, registrou-se retração de 1,94% na mesma região. No sul, o aumento da demanda foi de 4,81% em 2017. A região havia apresentado desempenho negativo de 13,56% em 2016, frente a 2015. O desempenho de ambas as regiões pode ser atribuído à atividade agrícola, incrementada nos últimos meses em alguns estados produtores.
O sudeste, responsável por metade da demanda por crédito dos varejistas junto ao atacado, avançou 0,30% no ano passado comparado com o ano anterior. Entre 2015 e 2016, a demanda por crédito na região foi 15,55% negativa.
No nordeste, observou-se queda de 4,05% na comparação anual 2017/2016. Já na comparação 2016/2015, a demanda por crédito havia ficado no vermelho, em 16,12%. No norte o desempenho também foi negativo em 2017, com 4,17% de retração. Entre 2016 e 2015 a queda ficou em 8,76%.
Os estados de Goiás (39,98%) e Rio Grande do Sul (20,60%) apresentaram as maiores expansões na demanda por crédito em 2017. “O incremento da renda local, devido o avanço da agropecuária, é um dos fatores que impulsionaram o aumento mais significativo nesses estados”, diz Leal.
Já na contramão da recuperação da demanda nacional, estados como Amapá (-37,73%), Maranhão (-30,24%), Acre (22,20%) e Rondônia (-21,07%) retrocederam na busca por crédito nos primeiros meses do ano passado.
Com a queda da inflação, que gera maior poder de compra dos consumidores de baixa renda, o varejo reativou sua demanda junto a seus fornecedores e, consequentemente, possibilitou o pagamento de dívidas em atraso. A inadimplência varejista recuou 9,4% entre janeiro e dezembro de 2017, em relação a igual período do ano retrasado. O recuo da inadimplência da economia em geral foi de 9,3% no período. Em relação às regiões, a inadimplência do varejo registrou queda no período em todas: -9,1% no sudeste, -11,9% no sul, -10,5% no nordeste, -4,4% no norte e – 10,8% no centro-oeste.
Risco de inadimplência do atacado
Apesar da melhora da demanda de crédito do varejo brasileiro em 2017 e também da baixa da inadimplência no setor, o segmento atacadista ainda não teve tempo de refletir esse bom desempenho. Segundo os especialistas, espera-se que a continuidade da recuperação da economia, impulsionada pelo aumento do consumo, mantenha o varejo em expansão com reflexos mais significativos para o atacado em 2018.
Os atacadistas com altíssimo risco de ficar inadimplentes nos próximos seis meses representavam 24% do total em dezembro de 2016 e esse percentual subiu para 28% em dezembro de 2017.
“O crescimento interanual do grupo de atacadistas com alto ou altíssimo risco de ficar inadimplentes ganhou espaço sobre as demais categorias de risco. Um ano de recuperação moderada não foi suficiente para reverter todo o impacto gerado na cadeia de abastecimento ao longo dos últimos dois anos de crise no consumo doméstico”, diz Leal.
Segundo dados da ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), 53,7% do consumo nacional são abastecidos diretamente pelo atacado. “O setor é um forte termômetro da situação econômica do país porque reflete o consumo da população, penalizada no último ano pelo desemprego e pelo processo inflacionário. Quando a restrição do consumo da população, que num momento de crise, compra somente o necessário e procura marcas secundárias mais baratas, chegou no pequeno varejo, acabou impactando a cadeia de abastecimento em geral”, ressalta o executivo.
A região centro-oeste concentra o maior crescimento interanual no grupo de empresas atacadistas em situação de inadimplência, com alta de 7,2 p.p. na comparação de dezembro 2016 x dezembro 2017. Em seguida, está o sul, com evolução de 4,2 p.p.. Depois, aparece o nordeste, 4,1 p.p. a mais de atacados inadimplentes, o sudeste, com 2,8 p.p. e o norte, com 2,1 p.p. na evolução da inadimplência do setor.
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