A Qantas Airways fechou um acordo no valor de US$ 120 milhões com a Comissão Australiana da Concorrência e do Consumidor (ACCC, sigla em inglês) por ter vendido milhares de passagens para voos que já estavam cancelados quando do momento da venda, segundo reportagem do Guardian. A informação foi confirmada nesta segunda, 6, por meio de um anúncio da própria companhia aérea, ainda segundo o Guardian.
Após quase um ano do início dos processos judiciais, a Qantas disse no comunicado que “vai abrir um programa de indenização, projetado em US$ 20 milhões, para passageiros prejudicados, com valores que vão de US$ 225 a US$ 450 por pessoa, e uma multa de US$ 100 milhões”. O valor do acordo entre a empresa e o órgão de defesa do consumidor australiano fica atrás somente dos US$ 125 milhões pagos pelo Volkswagen, em 2019, por enganar clientes sobre emissões de diesel.
Ainda de acordo com o anúncio, a companhia aérea diz ter vendido as passagens de mais de 8 mil voos que já haviam sido cancelados de seu sistema. As falhas resultaram no desligamento de Alan Joyce do cargo de diretor executivo da empresa.
A Qantas confirmou que descobriu milhares de casos adicionais de passageiros com voos inexistentes durante o monitoramento feito para o acordo com a ACCC. A companhia concordou em pagar indenizações a mais de 86 mil clientes que, no período de 21 de maio de 2021 a 26 de agosto de 2023, reservaram ou foram reacomodados em viagens canceladas.
Em agosto do ano passado, o órgão de defesa do consumidor australiano entrou com ações federais contra a companhia aérea pelo anúncio e venda de mais de 8 mil voos cancelados há até 50 dias. Ainda de acordo com a alegação, a empresa também não teria notificado clientes de mais de 10 mil viagens vendidas em 2022 sobre os cancelamentos dos serviços contratados.
Em sua defesa, a Qantas disse que as vendas foram efetuadas pelo sistema de reserva online e que informar os clientes sobre os cancelamentos dos voos reservados causaria “incerteza e frustração” e deixaria suas linhas telefônicas sobrecarregadas por buscas de troca de voos.
Gina Cass-Gottlieb, presidente da ACCC, inicialmente queria multar a companhia aérea em pelo menos US$ 250 milhões, mais que o dobro da multa atual. Após o anúncio do acordo, ela disse estar satisfeita com o valor cobrado a Qantas por ter conseguido chegar a um consenso, reconhecimento da má conduta e um compromisso de melhoria futura.
“Se tivéssemos prosseguido e a Qantas tivesse continuado a contestar e se defender, teríamos buscado o valor pensado inicialmente”, disse Gina para o Guardian.
Como parte do acordo, a Qantas concordou em enviar notificações aos passageiros sobre cancelamento de voos em um prazo máximo de 48 horas. A companhia também se comprometeu em parar de vender passagens de voos cancelados assim que o problema em seu sistema for solucionado e avisar sobre o problema em até 24 horas aos clientes que comprarem nesse período. Os termos também se aplicam à Jetstar, sua empresa aérea de baixo custo.
Com informaçoes de Estadão Conteúdo
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