Lyanna Bittencourt, sócia-diretora do Grupo Bittencourt, apresentou o conceito de Blended Retail, durante o Retail Trends – Pós NRF. Este novo conceito apresenta diversas características, como a força do propósito e empresas que se engajam. O storytelling é outra característica. “Isso significa que a empresa deve contar uma história, trazer envolvimento emocional para o cliente no ponto de venda”, falou Lyanna.
O no-channel é uma forte tendência. “Apenas uma experiência de compra, independente do canal, já que é apenas uma marca, apenas uma empresa”, explicou. As companhias são cada vez mais eficientes, a logística tem que ser alterada para entregar os produtos ao consumidor de forma cada vez mais rápida e conveniente.
No Blended Retail, os serviços são parte do varejo. “Oferecer um café, uma lavanderia. É uma quantidade enorme de oportunidades que temos de agregar serviços ao nosso produto, tornando a experiência de compra incrível”, falou.
Trazer soluções, identificando primeiramente o que o consumidor precisa, trazendo exatamente o que ele quer é outra característica. “O produto passa por curadoria. Ter um mix diferenciado alavanca a dedicação do cliente, o envolvimento com a marca. Além disso, o consumidor quer produtos personalizados”, contou Lyanna.
Os ecossistemas de negócios são parte deste conceito, com empresas que oferecem não apenas um produto ou serviço, mas possui várias companhias conectadas, com uma enorme quantidade de soluções relacionadas.
Janice Mendes, diretora-executiva da GS&Malls, falou sobre a Nike House of Innovation. Embora a marca esteja presente em 170 países, apenas duas unidades com este novo conceito existem e uma terceira será inaugurada em Paris. Este novo conceito de loja da Nike é 100% integrada ao universo online. O espaço é muito tecnológico. É possível customizar produtos e fazer compras pelo smartphone, sem interagir com nenhum funcionário. A marca oferece o Nike Plus. “Com ele é possível marcar um horário e pedir um atendimento personalizado com um funcionário especializado no esporte que você pratica”, contou Janice, que completou: “A marca oferece curadoria digital. No speed shop da loja, no subsolo, há um painel com as 12 categorias mais buscadas”, disse. A loja é totalmente omnicanal.
Ela também comentou o exemplo da The Real Real, um conceito de brechó de luxo totalmente inovador, com curadoria e análise cuidadosa de produtos vendidos a bons preços. Janice também trouxe o caso da The American Girl, que possui um conceito de loja diferenciado, com muitos serviços, como salão de beleza e restaurante, e a Starbucks Reserve Roastery, que procura mostrar o preparo e a origem dos diferentes tipos de café, com itens produzidos na hora, trazendo frescor e uma experiência interativa para o consumidor. “Em cada ponto da loja você é abordado por um vendedor que conta uma história. O storytelling é muito presente”, disse Janice.
João Brito, diretor Comercial do Grupo Bittencourt falou sobre a American Eagle, loja de jeans localizada em Nova Iorque. “A loja é cheia de iPads, que mostram a altura das peças e como elas se ajustam ao corpo. A tecnologia está muito integrada ao espaço. Há ainda uma forte customização. Cada peça pode ser transformada”, contou João.
Os provadores são dotados de iPads, que trazem informações sobre os produtos e servem de gôndola infinita, em que o cliente pode comprar outras peças. “O check out é móvel. O vendedor vai até o cliente e finaliza a compra de qualquer ponto da loja”, comentou o executivo. A loja possui ainda uma lavanderia, trazendo serviços e conveniência para o cliente.
João também falou sobre a Restoration Hardware, que se define como uma galeria, não como loja. A loja é um showroom. “Você conhece os produtos, mas não leva nada para casa, nem a nota fiscal que é enviada por e-mail”, disse Brito. O espaço é clean, agradável. A unidade não possui vendedores, mas designers e conta ainda com um restaurante. A marca tem planos para construir um hotel ao lado do showroom, inteiramente montado com seus produtos, a fim de proporcionar uma experiência completa de experimentação dos seus produtos.
Brito citou o exemplo da Levi’s Tailor Shop, que oferece uma experiência de compra diferenciada, com forte customização e a MedMen, que vende itens produzidos a partir da cannabis. “É uma loja clean, com iPads para todos os lados, é possível conhecer os efeitos medicinais das variedades da planta. Imaginem que na 5ª Avenida, onde está a Prada, também há uma loja que vende cannabis”, explicou o executivo.
* Imagem: Rodrigo Augusto