O fundo Verde, da gestora que tem como sócio o veterano gestor Luis Stuhlberger, considera ter sido vítima de uma “fraude” ao investir em debêntures da Americanas. Em carta de gestão referente ao mês de janeiro, o fundo afirma que exercerá seu dever de preservar os interesses dos cotistas, e que é “inacreditável” que a gestão da companhia só tenha sido trocada mais de 20 dias após o mercado ser informado sobre o rombo contábil.
Em 13 de janeiro, o Verde estava exposto a títulos de dívida da varejista por meio de um fundo veículo, o que diluía sua exposição total. Ainda assim, a queda do valor de face dos papéis gerou prejuízos.
Na sexta-feira passada, a Americanas informou que afastaria seus principais diretores para preservar a operação das investigações sobre o rombo.
“Beira o inacreditável que somente 23 dias após o fato relevante, que alguém da companhia, seja na área financeira, seja na alta gestão, tenha sido afastado”, diz o fundo. “Temos a maior fraude da histórica corporativa do Brasil, um buraco de mais de R$ 20 bilhões, e a gestão financeira da companhia (com exceção da recém empossada CFO) continuou sendo feita pelas mesmas pessoas”, afirma o Verde.
Processo
A carta informa ainda que a recuperação judicial da Americanas será um processo “longo e ruidoso”, em que apenas os advogados envolvidos ganharão dinheiro. O fundo afirma que quanto mais rápido for o processo, mais chances de recuperação a empresa terá.
O Verde crítica Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, o trio de acionistas majoritários que até 2021 controlava a Americanas. “Os três controladores (sic) da companhia, diante da escolha entre aportes para reparar um pedaço substancial da fraude, ou preservar sua reputação/legado, têm ficado silentes, mas claramente escolheram a opção financeira”, afirma o fundo Verde.
A Americanas não comentou o caso.
Com informações de Estadão Conteúdo
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