Com os ataques frequentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central (BC), o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que, além de não ter nenhuma proposta do governo para rever a autonomia do órgão, não há nenhuma pressão sobre “qualquer mandato”, em referência ao presidente da autarquia, Roberto Campos Neto.
Padilha, porém, disse que a lei de autonomia tem de ser seguida por todas. “Tem lei que nós defendemos, tem que ser seguida, acompanhada e cumprida por todos”, disse após reunião do Conselho político de coalizão no Palácio só Planalto.
Nesse quesito, o ministro afirmou que cabe ao Senado e à sociedade acompanhar o cumprimento da lei. “Acreditamos que todos diretores do BC vão se esforçar para cumprir a lei. O que pode existir por parte do Congresso é acompanhar se lei do BC está sendo cumprida.”
Padilha também afirmou que não houve, em nenhum momento, por parte do governo, um pedido para a convocação de Campos Neto para dar explicações ao Congresso. Segundo ele, o Planalto tem diálogo com a direção do BC, inclusive com o presidente. “Governo está tranquilo no diálogo, nas reuniões que possam ser necessárias respeitando autonomia.”
Nomes para diretoria
Alexandre Padilha também afirmou que o presidente vai indicar “nomes qualificados” para a diretoria do Banco Central para ajudar a autoridade monetária a cumprir as metas.
Como mostrou o Broadcast, após o tom duro do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), Lula passou a cogitar indicar nomes para se contrapor ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, no colegiado. Alas do governo, porém, tentam uma conciliação entre Lula e o BC e continuam afirmando que a indicação será técnica. O mandato dos diretores Bruno Serra, de Política Monetária, e Paulo Souza, de Fiscalização, termina no dia 28 de fevereiro. Souza tem disposição de renovar o mandato, mas Serra já indicou que vai deixar o órgão.
“O presidente Lula no passado indicou presidente do BC e diretores que tiveram competência. O presidente Lula vai ter a mesma competência de indicar ótimos diretores do BC”, disse, após reunião do Conselho Político de Coalizão no Palácio do Planalto.
Em meio aos ataques diretos e às críticas de Lula ao nível de juros e das metas e à autonomia do BC, Padilha ainda afirmou que tem certeza que Lula sempre terá relação harmônica com o órgão. “O governo está muito tranquilo no diálogo, respeitando a autonomia do BC.”
Com informações de Estadão Conteúdo: (Thaís Barcellos, Eduardo Gayer, Iander Porcella e Sofia Aguiar)
Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil