De acordo com os mais renomados autores, pensadores e ativistas, ainda não existe um conceito consolidado sobre o que é a Cultura Digital.
Isso possibilita, em muitos casos, que termos como sociedade da informação, cibercultura, revolução digital ou mesmo era digital sejam facilmente encontrados nos mais diversos meios ao redor do mundo.
Mas, se neste momento ainda não se pode afirmar com exatidão o que de fato envolve a cultura digital, podemos ao menos voltar um pouco no tempo e olhar para alguns indícios no mundo corporativo.
Para que você tenha uma ideia, sempre que falamos em cultura, principalmente no cenário corporativo, estamos nos referindo ao conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que norteiam qualquer atividade profissional.
Sendo assim, podemos dizer que a cultura digital tem, em sua essência, mesmo que apenas para o mundo corporativo, a missão de traduzir os anseios e as expectativas de um mercado cada vez mais multicanal e conectado, à atuação de cada colaborador de uma empresa.
Naturalmente, quando falamos disso, precisamos ter em mente que o nível de profundidade que este novo modo de agir influencia a vida e as estratégias de uma organização varia ao ponto de se tornar praticamente exclusivo e personalizado, seja em cada profissional, área, empresa, negócio ou segmento.
Em um dossiê publicado pela revista Telos, Manuel Castells, sociólogo espanhol, define a cultura digital em seis tópicos:
- Habilidade para comunicar ou mesclar qualquer produto baseado em uma linguagem comum digital;
- Habilidade para comunicar desde o local até o global em tempo real e, vice-versa, para poder diluir o processo de interação;
- Existência de múltiplas modalidades de comunicação;
- Interconexão de todas as redes digitalizadas de bases de dados ou a realização do sonho do hipertexto de Nelson com o sistema de armazenamento e recuperação de dados, batizado como Xanadú, em 1965;
- Capacidade de reconfigurar todas as configurações criando um novo sentido nas diferentes camadas dos processos de comunicação;
- Constituição gradual da mente coletiva pelo trabalho em rede, mediante um conjunto de cérebros sem limite algum. Neste ponto, me refiro às conexões entre cérebros em rede e a mente coletiva.
Simples, não acha?
Não. Nada simples.
Por meio desse dossiê, fica claro que a implementação de uma cultura digital une, em sua essência, aspectos que muitas vezes o mundo corporativo contemporâneo considerou que nunca se integrariam, tais como cultura e ciência.
Os reflexos de uma união como essa já podem ser encontrados e estão ao alcance de qualquer pessoa, mesmo que de uma forma ainda considerada disruptiva, por meio de temas como neuroaprendizagem, neurobusiness, neuromarketing, dentre tantos outros.
E o que isso significa?
Estamos de fato testemunhando o surgimento de uma nova era. Uma era na qual não se olha mais para o que quer que seja de forma fragmentada, mas omni, ou seja, no todo.
Se o consumidor é cada vez mais global, se os pontos de venda são cada vez mais estratégicos e se transformam a cada dia mais e mais em pontos de experiência, o mesmo está acontecendo com as pessoas.
Já não se pode mais olhar um profissional e rotulá-lo apenas pelos conhecimentos e habilidades que possui, mas é preciso dar um passo à frente e enxergá-lo com indivíduo.
Isso significa que, nesta nova era, na qual a cultura digital está cada vez mais presente, as pessoas finalmente passam a ser vistas como pessoas e não apenas como meras ferramentas de produtividade, resultados e lucro.
A cultura digital exigirá cada vez mais que haja valor e interesse real pelo indivíduo, seja ele o que produz, o que distribui, o que entrega ou o que compra.
Por esta razão, já podemos sentir que o propósito, até pouco tempo meramente traduzido em missões e valores que em muitos casos serviam de enfeites afixados nas paredes, passe de fato a fazer parte não apenas da estratégia, mas da vida das pessoas.
Lembre-se. O mesmo indivíduo que produz, distribui e vende também é o que compra, o que consome.
De informações a produtos, o que passa a valer nesta nova era, a qual chamamos de Cultura Digital, não é tangível, mas sim sensorial, emocional e disruptivo.
Por tudo isso, ouso dizer que, neste momento, e, possivelmente, no futuro próximo, cada vez mais a melhor tradução para Cultura Digital seja a palavra experiência.
Pense nisso!
*Imagem reprodução