A Lindt & Spruengli alertou que o prêmio imposto pelos maiores produtores mundiais de cacau na África Ocidental deixa fabricantes de chocolate com pouca escolha a não ser aumentar os preços.
Costa do Marfim e Gana agora cobram US$ 400 por tonelada acima do preço futuro para embarques a partir de outubro, em uma campanha para aumentar a renda de agricultores mais pobres. Os dois países vizinhos respondem por mais de 60% da oferta global de cacau.
A Lindt, que compra 80% do cacau de Gana, usa as mesmas receitas há décadas, e a troca de fornecedores levaria tempo, pois a mudança do mix de grãos afetaria o sabor de seus produtos, disse o CEO da empresa, Dieter Weisskopf, em entrevista em Zurique na terça-feira. Outros produtores também aumentarão os preços diante do impacto do prêmio, avalia.
Mars e Nestlé estão entre fabricantes de chocolate que começaram a comprar cacau para a temporada 2020-21 com o prêmio. Mas, embora a maioria das empresas dos setores de cacau e chocolate tenha concordado em pagar um preço melhor aos agricultores, muitas ainda enfrentam dificuldades com a estratégia, já que o prêmio não pode ser coberto.
Diferencial e qualidade
Embora Gana tenha implementado o prêmio de renda integralmente, o país dá aos compradores algum desconto no diferencial que cobra pela qualidade dos grãos, disse Weisskopf na entrevista.
Segundo o executivo, não é um sinal de flexibilidade. “É que agora a demanda já sofre um pouco. Já não podem realmente exigir esse prêmio.”
Preços mais altos podem levar fabricantes de chocolate a optarem por alternativas ao cacau, além de incentivarem agricultores a cultivar mais grãos, disse Weisskopf.
“Cedo ou tarde, isso poderia levar a um menor volume de demanda por cacau e, por outro lado, claro, também levaria ao excesso de oferta”, disse. “Mas não estamos falando de um período de 12 meses; estamos falando de dois a três anos.”
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