Enquanto as transações financeiras no Brasil ganham nova roupagem com o Pix, o serviço que permite transferência de dinheiro em tempo real, o Magazine Luiza prevê os dias finais do velho carnê de compras. “O Pix vai matar o boleto”, afirma Frederico Trajano, principal executivo da varejista, em teleconferência com analistas para comentar os resultados de 2020. Trajano, porém, diz que a companhia já está preparada para dar um impulso nos meios de pagamento, a partir da aquisição da Hub Fintech, em dezembro.
A Hub é uma instituição de pagamentos regulada pelo Banco Central e totalmente integrada ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e ao Sistema de Pagamentos Instantâneos (PIX). “Estamos ansiosos pela aprovação da compra da Hub pelo Banco Central e pelo Cade Conselho Administrativo de Defesa Econômica”, disse Trajano. Segundo o executivo, as operações de débito e crédito no Brasil somam R$ 2 trilhões, mas o Magalu até agora tem uma fatia de R$ 41 bilhões deste bolo.
A ideia é integrar a Hub com o MagaluPay, a conta digital do Magazine Luiza que serve também como carteira para compras no aplicativo. “Vamos oferecer uma conta digital completa, para pessoas físicas e jurídicas, na mesma plataforma”, afirma Trajano, ressaltando que até fevereiro, em menos de oito meses do serviço, foram abertas 2,7 milhões de contas no MagaluPay.
“Para as pessoas físicas, o novo MagaluPay vai oferecer serviços como depósito e saque em mais de 100 lojas e pagamento de contas de consumo”, disse Roberto Belissimo Rodrigues, diretor financeiro e de RI do Magazine Luiza. “Já para as pessoas jurídicas, será possível oferecer Pix, TED e Doc, cartão pré-pago, pagamento de boletos, saques em ATMs e lotéricas, folhas de pagamento, pagamento de impostos, entre outros serviços”, afirmou.
‘Publicidade na internet’
Outra frente de crescimento prevista por Trajano no médio prazo é a mídia digital – mercado em que a varejista já atua por meio do MagaluAds e ao qual se integram as adquiridas Canaltech e Inlocomedia. O investimento total em mídia paga no País somou R$ 48 bilhões em 2019, sendo que o potencial da mídia digital é de R$ 34 bilhões. A fatia da varejista neste mercado é de apenas R$ 19 milhões. “Queremos ajudar o pequeno seller a fazer publicidade na internet”, disse André Fatala, principal executivo de tecnologia do Magazine Luiza.
Para Trajano, é preciso olhar 2021 com o copo meio cheio. “Ainda existe muito potencial a ser explorado em diversos mercados, inclusive trazendo mais varejistas para o marketplace”. O principal executivo do Magazine Luiza ressaltou que, dos 5,7 milhões de varejistas no País, apenas 47 mil integram o marketplace do grupo. “A maioria destes 5,7 milhões nem sequer está online, daí também a importância de termos comprado uma plataforma de ensino a distância, a ComSchool, que pode treinar os varejistas para se tornarem sellers”, afirmou.
Em resposta a um analista que comentou sobre a pressão em cima das margens do grupo, que seria maior com a concorrência, Trajano respondeu que o seu foco está no potencial de médio e longo prazo do mercado online. “Não estou preocupado com competidores online no curtíssimo prazo”, diz ele. “Não gasto tanto tempo quanto o mercado financeiro olhando a minha concorrência”.
Para Trajano, é preciso enxergar “o copo meio cheio”, apesar de, no momento crítico para o País, como o avanço da pandemia, o Magalu ter cerca de 800 das suas 1,3 mil lojas fechadas. “O resultado de 2020 não foi acidente de percurso, considero um resultado épico”, afirmou, ressaltando que, entre 2018 e 2020, a empresa cresceu 325% e ganhou 13 pontos em participação de mercado. Nos últimos cinco anos, o Magalu cresceu cerca de quatro vezes e atingiu vendas de R$ 44 bilhões em 2020, mesmo com lojas fechadas. “A pandemia acelerou o processo de digitalização no Brasil, mas ele está só no início”.
Com informações Estadão Conteúdo/Broadcast.
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