A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) afirmou, em nota, que em reunião com ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou ao governo propostas de isenção de impostos dos produtos da cesta básica e de desoneração da folha de pagamento.
Segundo a Abras, mais de 50 varejistas estavam presentes na reunião e se comprometeram a repassar ao consumidor qualquer redução que houver na cadeia produtiva.
No encontro, em tom de campanha eleitoral, o ministro da Economia reforçou os pedidos do presidente Jair Bolsonaro (PL) aos empresários para frear e derrubar os preços dos produtos comercializados.
“Reforço o pedido do presidente, é hora de dar freio nos preços. O empresariado precisa entender que temos que quebrar a cadeia inflacionária. Se o presidente está pedindo para baixar preços, quem tem voto é ele, vamos baixar. Vamos dar uma trégua de preços”, disse. O ministro disse que é preciso todos estarem juntos nessa trégua para “quebrar a espiral inflacionária”.
Segundo Guedes, os produtos do campo passam por um “corredor polonês” de impostos até chegar às prateleiras. O ministro também pediu que os governadores aceitem as propostas do governo para reduzir os impostos dos combustíveis.
O ministro da Economia citou ainda, no evento da Associação Brasileira de Supermercados, que o governo federal repassou aos governos estaduais R$ 500 bilhões nos últimos três anos e têm R$ 180 bilhões em caixa.
“Está na hora de os governadores ajudarem o Brasil. Os governadores tiveram um aumento de arrecadação brutal. O governo federal não conseguiu dar aumento para funcionalismo, mas reduziu impostos. Alguns governadores não querem compartilhar aumento de arrecadação com a população. É a primeira vez que os Estados vão colocar a mão no bolso”, disse.
‘Menor lucro possível’
Em participação virtual no evento da Associação Brasileira de Supermercados, o presidente Jair Bolsonaro apelou para que empresários “baixem 1% que seja” para ajudar o governo e o País. Ele não deixou claro, contudo, se se referia à redução de margem de preços ou de lucros. Pouco antes, no mesmo evento, ele pediu pelo “menor lucro possível” na cesta básica.
“Com todo respeito, se todos que estão ouvindo, se cada um baixar 1% que seja, ajuda bastante a gente. Ficaria eternamente grato a todos vocês”, declarou o presidente. “Nós devemos, em momentos difíceis como esses, entendo, todos nós colaborarmos. Então, o apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, para que os produtos da cesta básica, cada um obtenha o menor lucro possível para a gente poder dar uma satisfação a uma parte considerável da população”, disse pouco antes.
Bolsonaro ainda afirmou no evento que discordaria “um pouco” do ministro da Economia, Paulo Guedes, no que diz respeito ao desenvolvimento da proposta de redução do ICMS sobre os combustíveis: “A questão do ICMS foi trabalho da Câmara, capitaneado por (Arthur) Lira (PP-AL)”. E afirmou que os governadores têm colaborado na pauta, apesar da pressão feita por eles junto ao Senado federal por ajustes no texto do teto do ICMS. “Governadores vão colaborar tendo um teto para o ICMS”, disse.
O chefe do Executivo também previu que a guerra na Ucrânia “terá ponto final brevemente” e que seu governo quer se relacionar “com mundo todo”, sem “priorizar países com ideologias diferentes”. Ele afirmou que dois países da América do Sul “rumam em direção à Venezuela”, mas não citou quais.
Com informações de Estadão Conteúdo (Talita Nascimento, Antonio Temóteo e Eduardo Gayer)
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