Enfim 2016 se vai! Para a grande maioria dos varejistas, franqueados e franqueadores, mercado imobiliário comercial e para os shopping centers, 2016 não deixará saudades. Com o arrefecimento da economia e consequente retração do consumo, motivada pela desastrosa gestão política e econômica do governo anterior, a expansão varejista simplesmente andou para trás.
Segundo o Índice Antecedente de Vendas do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IAV-IDV) de outubro deste ano, fechou com queda real de vendas de 6,8% em comparação com o mesmo mês de 2015. Em novembro, mesmo com o sucesso da Black Friday as vendas foram -2,2% menores e a previsão é de queda também em dezembro (-3%) e -1,1% em janeiro de 2017.
Para entendermos melhor a atual situação do consumidor brasileiro, o endividamento é apontado por 40% deles na sondagem nacional de hábitos de consumo da Boa Vista SCPC, como a principal causa para não irem às compras neste Natal e fim de ano. No ano anterior, o percentual atingiu 37%. O desemprego é o segundo motivo, passando de 21% em 2015 para 29% atuais, uma alta de 8 pontos percentuais. O fato de não comprar presentes por ter de priorizar o pagamento das contas da casa, como mensalidade escolar, plano de saúde e outros, também aumentaram de 11% para 17%.
Por conta destes fatos, recentemente a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico anunciou uma previsão de queda maior da economia brasileira em 2016 e uma retomada do crescimento apenas em 2018. A instituição projetava uma queda de 3,3% no PIB brasileiro em 2016, número que foi ampliado para 3,4%. Para 2017, a estimativa melhorou: a instituição passou a projetar a estagnação da economia no ano que vem, contra uma previsão anterior de queda de 0,3% no PIB. Para 2018, a expectativa é de crescimento de 1,2% no PIB.
De fato, o cenário econômico para o próximo ano dependerá muito da estabilidade política de Brasília e também de Curitiba, com as revelações da Lava Jato, que neste momento finaliza os acordos de delação premiada com 77 executivos da Odebrecht, que poderá atingir até 200 políticos envolvidos. As consequências de tudo isto provocam um clima de tensão entre os brasileiros e consequentemente a paralisia da economia.
Dentro deste caldeirão efervescente, prevalece o clima de incertezas entre os empresários. Neste cenário, planejar a expansão do varejo para 2017 é um misto de ousadia, oportunismo com uma dose de risco. Pois ao mesmo tempo em que as vendas estão retraídas, as oportunidades imobiliárias que surgem em momentos como estes são únicos. É fato que os valores dos alugueis estão menores do que nos anos anteriores e as condições para negociação com os proprietários de imóveis são as melhores possíveis. Quem tem lastro financeiro para expandir seu negócio, este é o grande momento.
Avançar em cidades e shopping centers antes inacessíveis por conta da concorrência, pela disponibilidade de imóveis ou por custos de ocupação altos, agora apresentam novos cenários promissores. Por conta das oportunidades, este pode ser o momento ideal para lançar um novo modelo de loja, novos formatos, de ocupar “território inimigo” e de certa forma preparar sua empresa para o momento da retomada do consumo, que mais cedo ou mais tarde virá e, quem se preparar melhor, certamente usufruirá deste consumidor empoderado e ávido por consumo, que foi privado de suas necessidades e desejos por um longo período mas que irá novamente alavancar a economia deste país. Que tal olharmos para o lado meio cheio do copo? Boas vendas!
Por:
Marcos Hirai (marcos.hirai@gsbgh.com.br), sócio-diretor da GS&BGH Retail Real Estate