Clientes mais ricos, que têm fortunas geridas por family offices – escritórios de investimentos especializados na alta renda -, estão obtendo acesso a oportunidades exclusivas no mercado imobiliário, tanto residencial como corporativo. Esses escritórios se tornam uma espécie de sócios dos empreendimentos, prática conhecida do ramo imobiliário, mas que antes era restrita a amigos e familiares dos empresários. Os retornos chegam a 25% ao ano, mais que o dobro dos rendimentos de títulos atrelados à taxa básica de juros, Selic, atualmente em 11,25% ao ano. Os ativos são destinados a investidores com R$ 1 milhão ou mais investidos.
Ao contrário de um financiamento convencional, após a quantia empregada na etapa inicial do projeto, o saldo não se transforma em dívida, mas sim em equity, ou participação. Em média, até 20% do capital necessário para um empreendimento é captado com family offices.
Leonardo Bersot, sócio da Portofino MFO, que tem R$ 30 bilhões sob gestão, informa que as incorporadoras buscam os family offices para tornar mais simples o processo de captação de recursos. “Nós constituímos um veículo (de investimento), plugamos nele essas famílias, de forma que, com base nessa união, tenhamos um cheque maior. Com isso, conseguimos acessar outro tipo de projeto que, provavelmente, essas famílias, de forma individualizada, não conseguiriam acessar.”
O CEO da construtora SKR, Silvio Kozuchowicz, diz que o mercado de investimentos passou por uma profissionalização nos últimos anos, que chegou aos projetos imobiliários. “Do ponto de vista das construtoras, esse processo de desenvolvimento imobiliário fez com que a gente criasse uma interface de diálogo com esse novo cliente.”
Sócia de investimentos da Paladin – gestora americana focada no mercado imobiliário -, Fernanda Rosalem diz que a atuação da empresa no segmento imobiliário com os family offices tende a ser perene devido ao fator cultural de investimento em imóveis. “Nos nossos projetos, o corte é uma rentabilidade real de 20% ao ano, realizado no fim do empreendimento.”
Locação
Apartamentos para locação também estão no radar dos family offices, especialmente aqueles voltados a contratos de curta e média duração, de maior rentabilidade. Enquanto o aluguel convencional tende a render 6% ao ano, a locação flexível tem retorno médio de 8%.
Aarti Waghelam, da Charlie, especializada em locação flexível, destaca que os family offices têm demonstrado crescente interesse em investir em fundos relacionados a esse modelo. Além disso, muitos estão apostando na criação de empreendimentos do zero, projetados para esse formato de locação. “Os bairros dos Jardins e Pinheiros são os que têm mais apartamentos com investimentos vindos de family offices”, diz. A empresa, que começou o ano com 1,9 mil unidades em operação, vai encerrar 2024 com 2,5 mil, salto de 31%.
Com informações de Estadão Conteúdo (Lucas Agrela)
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