Por Ana Paula Tozzi*
Eu sei que parece óbvio o que eu vou falar, mas nossas organizações são formadas por pessoas e delas é que dependem grande parte dos resultados. Então por que sempre deixamos esse assunto para depois? No meu artigo de hoje quero explorar como podemos melhorar os resultados assumindo tarefas não tão prazerosas mas, potencializando a performance de nossas equipes.
Papel do Líder
Quando entendemos as responsabilidades inerentes ao cargos dos líderes nas organizações podemos destacar: entregar a estratégia, atingir resultados e desenvolver equipes de alta performance.
A estratégia traduzida em missão, visão e valores foi complementada nos últimos anos com métricas objetivas e passiveis de comparação com o mercado. Os painéis fixados no hall de entrada expressavam sonhos através de frases que, no geral, não diziam nada: “Ser a empresa mais admirada pelos consumidores…”. Como traduzir admiração? Que consumidores? A objetividade trouxe para a estratégia frases que efetivamente possam ser entendidas por todos os colaboradores, fornecedores e clientes: “Ser a maior cervejaria do mundo com custos competitivos e produtos lideres em seus segmentos”. Ou seja, ficou muito mais fácil para o líder traduzir essa estratégia em métricas táticas e operacionais.
Atingir resultados financeiros e operacionais, traduzidos em indicadores de performance que fazem parte de um painel de controle são métricas objetivas e apuráveis. Margem de contribuição, OTIF, turnover, são calculáveis e podem ser mostrados com uma gestão à vista e transparente. O desafio para os líderes passa a ser então alinhar o potencial da sua equipe aos processos e tecnologia de forma a entregar sua metas e, consequentemente, receber sua premiação (qualquer que seja ela). Portanto, formar uma equipe de alta performance.
O que seria então formar uma equipe de alta performance – EAP?
Uma equipe de alta performance é aquela que produz resultados diferenciados em qualidade, em tempo de realização e, principalmente, na entrega de valor. Para isso, tem elevada competência e atípico grau de comprometimento. É um grupo realmente alinhado, com valores, visão, objetivos e comprometimento comuns. As características comuns nestas equipes é a abundância e a diversidade de conhecimentos, capacidades, história profissional, opiniões e ideias.
O primeiro passo para formar uma EAP é simples: ter um líder que tenha foco na melhoria continua e que inspire a equipe no autodesenvolvimento. Ou seja, é muito além de oferecer treinamento e promover happy hour. É superar a dificuldade de dar feedbacks considerados negativo, é realizar ajustes na equipe sempre que necessário e com velocidade, é estar constantemente revendo as metas para cima e instigando a equipe a ultrapassar limites. Ou seja, não é um desafio simples.
O segundo passo é selecionar os candidatos corretos. Aqui entra a outra habilidade que deve ser um destaque deste líder: ter bem definido o perfil e o papel de cada um dos participantes do time, de forma que quando for realizado um processo seletivo, não seja escolhido um excelente candidato que não é o necessário naquele momento ou que seja excluído um candidato por alguma antipatia mas que é exatamente um perfil complementar. De certo, sabemos que uma equipe homogenia não entrega alta performance.
Para finalizar essa discussão destaco o óbvio novamente: os lideres são os responsáveis pela gestão do capital humano de suas equipes. Cabe a ele definir o papel de cada um da sua equipe, contratar, demitir, dar feedbacks positivos e negativos e promover o conhecimento. Cabe as áreas de Recursos Humanos apoiar as lideranças, mas não realizá-las, como vemos muitas vezes. Sei que culturalmente, nós brasileiros temos muitas dificuldades em separar o profissional do pessoal (a demissão é um sofrimento!) mas esse é o desafio de transformação cultural do líder da equipe de alta performance.
*Ana Paula Tozzi (ana.tozzi@agrconsultores.com.br) é sócia da GS&AGR Consultores.