Se o varejo alimentar pudesse ser classificado em eras, esta seria certamente a dos atacarejos. O negócio, inclusive, é bastante antigo, mas vem escalando em todo País, nos últimos anos, e chegou mesmo a ameaçar a vida dos hipermercados no pós-pandemia. Focado em preço baixo, com menor custo para a abertura de uma unidade, o modelo, que associa a venda de produtos no atacado para empresas e no varejo sem aumento para o consumidor final, atrai o brasileiro com o orçamento estrangulado pela inflação e pelos juros altos.
O setor cresce e a competitividade entre bandeiras também fica mais acirrada. Para se diferenciar da concorrência, a aposta do Atacadão, rede de atacarejo do Grupo Carrefour Brasil, tem sido investir na ampliação de seus serviços nas lojas físicas, com o objetivo de atrair cada vez mais o consumidor final, e nas iniciativas voltadas para a digitalização e a melhoria da experiência de compra.
Em entrevista à MERCADO&CONSUMO, Marco Oliveira, CEO do Atacadão, disse que essas mudanças são parte de um plano abrangente para consolidar a presença da companhia no mercado e expandir sua base de clientes.
Serviços e inovações para o consumidor final
Segundo a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), são considerados atacarejos os estabelecimentos em que mais de 50% das vendas são feitas a pessoas físicas.
Focado nessa clientela, o Atacadão está implementando serviços que antes eram pouco comuns no segmento. As novas padarias, açougues e serviços de frios fatiados são exemplos dessa transformação. Além disso, a rede investiu em pontos de autoatendimento, balanças de hortifruti na frente de caixa, redes de wi-fi nas lojas e estações de recarga para carros elétricos.
O aplicativo “Meu Atacadão” é outra iniciativa importante. Aprimorado e relançado recentemente, oferece aos clientes a possibilidade de ativar ofertas e descontos exclusivos nas lojas físicas. “No ambiente digital, temos também o nosso e-commerce e os serviços de entrega por meio de parceria com os aplicativos Uber, Rappi e iFood, que atendem 170 lojas em 70 cidades do País”, destaca Oliveira.
Aquisição do Grupo BIG e expansão
A aquisição do Grupo Big, em 2021, foi um marco na expansão do Atacadão tanto em ganho no número de lojas quanto na capilaridade para chegar a todos os estados brasileiros. Das 129 lojas compradas pelo Carrefour, 76 delas foram convertidas para a bandeira Atacadão em um processo de trabalho concluído em junho de 2023.
Para o CEO, a incorporação dessas unidades “fortaleceu a presença da rede no Brasil”, levando a marca a 224 cidades, incluindo regiões onde não estava presente anteriormente. “Com esse número expressivo, conseguimos fortalecer a nossa presença no País e até chegamos a algumas cidades onde não estávamos antes, levando alimentação de qualidade à população e contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico de todas as regiões com a geração de milhares de empregos”, afirma Marco Oliveira.
A rede de atacarejos possui, hoje, 401 unidades, entre elas, 368 lojas de autosserviço e 33 atacados de entrega. São mais de 70 mil pessoas envolvidas no negócio em todo Brasil.
Perspectivas de crescimento e futuro
Marco Oliveira explica que a empresa continua sua trajetória de expansão, com a inauguração de novas lojas e a avaliação constante de possíveis novos endereços no Brasil.
Apenas neste ano, já foram abertas sete unidades, e segue investindo em tecnologias para otimizar suas operações e melhorar a experiência dos clientes, “cada vez mais exigentes e decididos sobre as suas escolhas”, destaca o CEO. “Por isso, buscamos sempre estar atentos às demandas dos consumidores, bem como as suas constantes mudanças de comportamento e hábitos, incluindo preferências por determinados produtos, serviços e canais de compras”, pontua.
Para o futuro, o Atacadão pretende manter o foco na expansão de serviços e na digitalização. No primeiro trimestre de 2024, as vendas digitais cresceram, alcançando uma penetração de 5,9%, de acordo com o executivo. Por isso, o investimento em tecnologias voltadas à experiência do cliente, a exemplo do aplicativo Meu Atacadão, deve permanecer como um dos pilares do grupo.
Apesar do posicionamento estratégico voltado para pessoas físicas, a companhia não pretende reduzir a atenção destinada ao seu público tradicional, formado, principalmente, de micro e pequenos empreendedores, transformadores e comerciantes.
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