Pesquisa mostra que 79% dos consumidores acreditam que a economia compartilhada torna a vida mais fácil. Poupar dinheiro é a principal vantagem, mas falta de confiança nas pessoas é barreira para 47%
Um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais do país revela que as modalidades de consumo colaborativo mais conhecidas e utilizadas pelos brasileiros são:
- o aluguel de casas e apartamentos em contato direto com o proprietário (40%),
- caronas para o trabalho ou faculdade (39%) e
- aluguel de roupas (31%).
Outras formas de economia compartilhada as quais os consumidores já recorreram são:
- aluguel de bicicletas espalhadas pela cidade (17%),
- aluguel de quartos para terceiros, como viajantes, por exemplo (16%),
- locação de carros particulares (15%) e
- compartilhamento de moradias em estilo comunitário, também conhecido como co-housing (15%).
De acordo com a pesquisa, 79% dos brasileiros concordam que o consumo colaborativo torna a vida mais fácil e funcional e 68% se imaginam participando de práticas nesse sentido em no máximo daqui a dois anos.
O levantamento também aponta que, para determinadas categorias de produtos, os brasileiros acreditam que vale mais a pena alugar em vez de adquirir um novo:
- livros (56%),
- equipamentos de ginástica (53%),
- artigos esportivos (53%),
- itens de jardinagem (51%) e
- instrumentos musicais (50%).
Nos últimos 12 meses, 24% dos consumidores venderam alguma peça do próprio guarda-roupa e 22% repassaram seu celular para terceiros mediante uma venda.
Quando indagados sobre as principais vantagens do consumo colaborativo, a economia de dinheiro aparece em primeiro lugar: opinião de 47% dos consumidores. Em seguida, aparecem opções como:
- evitar o desperdício (46%);
- combater o consumo em excesso (45%);
- poder ajudar o próximo (38%);
- promover o incentivo à troca de experiência com outras pessoas (34,0%);
- contribuir para a preservação do meio ambiente (31%);
- oportunidade de conhecer gente nova, fazer novas redes de relacionamento (30%);
- melhorar a qualidade de vida (29%);
- oportunidade para ganhar dinheiro (28%).
As formas mais mencionadas para conhecer as práticas de compartilhamento são os sites – principalmente no caso do financiamento coletivo (43%), aluguel de itens esportivos (43%), aluguel de brinquedos (41%) e do aluguel de eletrônicos que não estão em uso (40%).
Já a recomendação de amigos ou conhecidos é mais comum para quem usufrui de caronas (47%), recorre à aluguel de casas e apartamentos direto com o proprietário para temporadas (44%) ou ao aluguel de roupas (44%).
Consumo colaborativo desperta interesse
As práticas de consumo colaborativo que os brasileiros nunca fizeram, mas já ouviram falar e se mostram mais propensos a aderir são o aluguel de bicicletas comunitárias, geralmente em pontos espalhados pela cidade, e o compartilhamento do ambiente de trabalho, conhecido como co-working – ambos com 36% de menções. Outras ações que despertam interesse dos consumidores são o aluguel de itens esportivos (33%), de quartos para terceiros, como viajantes (32%) e de brinquedos (31%).
Já as práticas menos utilizadas e às quais os entrevistados igualmente estariam menos propensos a realizar dizem respeito à hospedagem de animais de estimação em sua própria residência (41%), o cohousing – quando pessoas alugam uma casa e dividem as despesas vivendo num estilo comunitário (37%) e o aluguel de utensílios e móveis da casa (36%).
Barreiras
O crescimento do consumo colaborativo no Brasil, contudo, ainda enfrenta barreiras pela falta de confiança entre as pessoas, sugere os resultados da pesquisa:
- 47% dos entrevistados relataram o medo de serem ‘passados para trás’ ao aderir a alguma dessas práticas;
- 42% disseram ter medo de lidar diretamente com estranhos;
- 37% citaram a falta de garantias no caso de não cumprimento de acordos.
No geral, 71% dos consumidores pensam que ações de economia compartilhada podem enfrentar problemas no Brasil pelo fato de as pessoas não serem confiáveis.
A pesquisa descobriu que o receio de lidar com estranhos desponta como o maior receio dos consumidores, principalmente, no caso do aluguel de quartos para outras pessoas (47%), compartilhamento do local de moradia – cohousing (41%), caronas para locais como o trabalho, faculdade ou em viagens (38%), financiamentos coletivos – crowdfunding (28%) e no compartilhamento do espaço e os itens de escritório – coworking (28%).
Foram entrevistados 607 consumidores nas 26 capitais mais Distrito Federal com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. A margem de erro é de no máximo 4,0 pp com margem de confiança de 95%.