O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a dizer nesta terça-feira, 9, que o Brasil está na contramão das economias desenvolvidas, que caminham para a recessão. Durante cerimônia de abertura do congresso da Abrasel, associação que reúne bares e restaurantes, Guedes sustentou que a economia está novamente “em pé”, com inflação em queda, crescimento econômico acima do que se esperava e geração de empregos.
“Já se fala abertamente em recessão nos Estados Unidos e Europa, e o Brasil, o contrário, está no início de um longo ciclo de crescimento”, disse o ministro, que aproveitou também o evento para destacar as medidas lançadas pelo governo para apoiar o setor e evitar demissões durante a pandemia.
Entre os feitos frisados após os “dias tenebrosos” da crise sanitária, Guedes citou a preservação de mais de 14 milhões de empregos, sendo mais de 3 milhões de empregos formais. “Hoje, olho para esses dias como dias difíceis… Mas o pesadelo ficou para trás”, declarou Guedes, lembrando que a vacinação de 98% da população permitiu o retorno do funcionamento normal de bares e restaurantes.
Ele citou ainda uma transação tributária desenhada para perdoar a dívida de bares e restaurantes, formulada antes de sair em férias, mas que no fim acabou sendo vetada pelo presidente Jair Bolsonaro por mudanças no texto que tornaram a medida inviável juridicamente.
“Estava tudo pronto para ser aprovada, mas tem sempre alguém que julga a gente erradamente”, afirmou Guedes, acrescentando que as alterações feitas durante suas férias deixaram de incluir uma compensação tributária a bares e restaurantes.
IPI “desindustrializou o Brasil’
O Paulo Guedes disse que trabalha para reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), um tributo que, segundo ele, “desindustrializou o Brasil”.
Após lembrar da aprovação do teto do ICMS dos combustíveis, que puxou a deflação de 0,68% no IPCA do mês passado, Guedes salientou que o objetivo é também fazer cortes no IPI. A medida, acrescentou, está sendo pensada de forma que não afete a competitividade da Zona Franca de Manaus, cujos produtos têm alíquota zerada do imposto.
Segundo Guedes, a solução é simples: retirar 100 produtos da zona franca e reduzir o imposto de outros 3,9 mil. “São 4 mil produtos, basta tirar 100 produtos. Você protege a Zona Franca de Manaus e baixa o preço de 3,9 mil produtos no Brasil”, declarou Guedes em discurso na abertura do congresso da Abrasel, associação que reúne bares e restaurantes.
“O IPI desindustrializou o Brasil. O Brasil tem minério de ferro, mas tem que trazer aço da China”, acrescentou o ministro, assinalando ainda que o governo tem usado o aumento de arrecadação para diminuir impostos. Tudo, ponderou ele, dentro da responsabilidade fiscal para não hipotecar as futuras gerações.
“Essa é a nossa batalha. Somos um governo liberal-democrata. Queremos reduzir a intervenção e o peso do Estado na economia”, disse Guedes.
Com informações de Estadão Conteúdo (Eduardo Laguna e Antonio Temóteo).
Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil