Por Hugo Bethlem*
Seu modelo de negócios está olhando para o futuro ou apenas defendendo o presente? Os movimentos que convergem para o crescimento de importância dos temas sustentabilidade e consumo consciente criaram uma nova realidade com a sensibilização da sociedade e a tomada de consciência sobre esses temas e a sua importância na vida das pessoas, no desenvolvimento das empresas e na sociedade como um todo.
Com o avanço da consciência dos consumidores, cada vez mais esses temas passam a ser diferencial para que os mesmos escolham as empresas que realmente se preocupam em entregar soluções sustentáveis e demonstrem cuidado com o consumo de uma forma mais consciente.
Os investidores veem uma forte relação entre a performance em sustentabilidade e a performance financeira das empresas.
O varejo tem uma importância vital na transformação do cenário global e brasileiro e na criação de uma maior conscientização dos consumidores e da cadeia de abastecimento. Com isso, as ações dos varejistas desperta junto aos seus fornecedores um efeito multiplicador que retroage até a origem da produção, garantindo um processo de rastreabilidade que envolve toda a cadeia produtiva, do mais básico insumo até o consumo e descarte pelo consumidor final.
No entanto, para que as ações sejam efetivamente sustentáveis e sigam um propósito, devem ser boas para as pessoas e para o planeta, o que, por consequência, serão para os resultados financeiros das empresas, afinal, devemos reforçar o conceito do P3 – Propósito, Pessoas e Planeta. Desta forma, só há desenvolvimento sustentável quando há equilíbrio entre prosperidade econômica, qualidade ambiental e justiça social.
As empresas não podem continuar fazendo seus negócios como vinham por anos a fio, pois estamos esgotando a capacidade de gerar e preservar recursos naturais no planeta, bem como impactando a qualidade de vida das pessoas.
Devemos fazer algo diferente. “Insanidade é fazer as mesmas coisas repetidamente e esperar resultados diferentes” como disse Einstein.
A primeira visão estruturada sobre “Desenvolvimento Sustentável” foi elaborada pela ONU em 1987 (há pouco menos de 30 anos – muito novo), denominado “One Common Future -Brundtland Report, 1987” onde a definição ficou assim: “O desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
Quando aplicamos isso às empresas, isso significa que devemos buscar o equilíbrio entre o lucro e o bem comum.
Ou seja, as empresas que acreditam num novo capitalismo consciente, devem buscar maximizar seu propósito e não o lucro, sendo esse, consequência da busca pelo propósito por todos os stakeholders de forma equânime.
Para as empresas conseguirem efetivamente alcançarem o desenvolvimento sustentável necessitam transformações em suas formas de fazer negócios, exigindo pensar em várias dimensões que vão além daqueles convencionais, que normalmente priorizam questões de mercado, como preço, concorrência, posicionamento, custos etc.
As novas dimensões incluem valores, transparência, integridade, ciclo de vida dos produtos, redução do desperdício, parcerias com a comunidade, inclusão social e qualidade de vida dos colaboradores.
Por isso, a partir de agora, e com a urgência que o assunto nos traz, devemos buscar viver uma nova equação de sustentabilidade através de um CONSUMO CONSCIENTE + MUDANÇAS TECNOLÓGICAS + POLÍTICAS PÚBLICAS E INICIATIVAS PRIVADAS.
Todas as empresas de varejo, assim como a indústria, não importando seu porte econômico, tem o desafio de incorporar a sustentabilidade em todos os fatores que determinam o sucesso de suas operações. Esse novo desenho passa pela complexidade de atender o consumidor consciente que cada vez é mais representativo no universo global.
*Hugo Bethlem (hugo@gsmd.com.br) é sócio-diretor da GS&P3 – Propósito, Pessoas e Planeta